As ações da VALE (VALE3) no Ibovespa em 2023 acumulam perdas significativas (19,68%), mas começam a dar sinais de recuperação. Apesar das oscilações, em julho a mineradora vem operando no azul, com avanço de 8,76%.
Para analistas ouvidos pelo BP Money esse deve ser o tom do segundo semestre, depois da turbulenta primeira metade do ano. “Um dos principais motivos que impactaram no resultado operacional pior para a empresa foi a desaceleração da economia chinesa no primeiro semestre do ano, com a crise imobiliária que ocorreu na China. Esperamos uma recuperação a partir de uma expectativa de incentivos e estímulos neste setor do país”, disse o Head de Asset Allocation e Assessor de Investimentos da Miura, Daniel Villela.
“Sabemos que o preço da ação da Vale depende diretamente do preço do minério de ferro, que hoje consideramos que há uma expectativa de valorização do ativo. Assim, nossa conclusão é que o pior momento já passou”, acrescentou Villela.
A mesma opinião é compartilhada pelo analista CNPI da CM Capital, Roque Naves. Ele detalha que o clima no final de 2022 era de otimismo, com o processo de reabertura da economia chinesa. A expectativa era de um crescimento na demanda de minério de ferro, o que elevaria o preço da commoditie para patamares acima de US$ 110,00.
Porém, o humor dos investidores começou a mudar quando os dados de atividade da economia chinesa começaram a decepcionar os analistas, além do próprio governo determinar uma meta de crescimento de 5% para PIB, abaixo do que o mercado esperava. Tais pontos foram prejudicando a cotação do minério e da VALE3, que tem 80% da sua receita proveniente da venda da commoditie. Ainda segundo o analista da analista CNPI da CM Capital, o cenário deve mudar.
“Nesse segundo semestre temos a expectativa de resultados mais animadores para Vale quando comparada com o primeiro período do ano, mesmo com a curva de preços do minério de ferro em queda. Em termos de produção, a companhia vem surpreendendo tanto em minérios finos como em pelotas e o principal ponto que deve contribuir é a liberação da Barragem de Torto, que ajudará a companhia a atingir sua meta de produção e um mix de produtos com maior valor agregado. Além de o segundo semestre ser historicamente as datas onde a companhia tem maior volume de produção e vendas”, analisou.
Puxando a bolsa
A Vale é a empresa com maior número de movimentação na bolsa de valores brasileira. Nos últimos dias o seu desempenho ditou o ritmo do Ibovespa, levando o índice ao azul quando as ações da mineradora fechavam em alta e deixando a B3 no vermelho quando os papéis da companhia se desvalorizavam.
“Hoje, a Vale representa mais de 13% na participação do índice do Ibovespa. Então, quando a empresa tem alguma valorização ou desvalorização, isso afeta diretamente no preço do índice, por conta de uma proporção de participação elevada”, explica Daniel Villela.
Na sessão de segunda-feira (24), a Vale impulsionou a alta no Ibovespa. As ações da mineradora valorizaram 3,04%, enquanto o principal índice acionário brasileiro, encerrou o dia em alta de 0,94%, aos 121.341 pontos. Já o dólar caiu 0,99%, cotado a R$ 4,73.
Resultado no 2T23
A Vale vai anunciar o seu resultado no segundo trimestre de 2023 na próxima quinta-feira (27). No 1T23, a companhia reportou lucro líquido de US$ 1,8 bilhão, o que representa uma queda de 58% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a empresa contabilizou US$ 4,4 bilhões.
No faturamento, a Vale teve uma receita líquida de US$ 8,4 bilhões, queda anual de 22% e abaixo dos US$ 9,2 bilhões projetados. No lado operacional, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado das operações continuadas foi de US$ 3,576 bilhões, baixa de 42,5% na base anual e também abaixo dos US$ 4,3 bilhões projetados.
A companhia justifica que o resultado foi impactado pelos menores preços realizados de minério de ferro e pelotas, assim como menores vendas de finos de minério de ferro e maiores custos.