O fim do acordo entre Rússia e Ucrânia para a exportação de grãos no território ucraniano pode afetar boa parte do globo, incluindo o Brasil no pacote.
Na segunda-feira (17), a Rússia informou que não vai prolongar o acordo de exportação de grãos ucranianos. Horas após o anúncio, um ataque de drones navais foi feito a uma ponte estratégica que liga o território do país à península anexada da Crimeia.
Em entrevista ao portal R7, Leonardo Paz, pesquisador do FGV NPII (Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas), disse que a suspensão poderá impactar o preço do trigo no País.
“A medida pode ter impacto no Brasil e afetar o bolso do brasileiro. Na época do acordo, para ter uma referência, o preço dos grãos, na média, caiu no mercado global mais ou menos 20%. Então, é de se esperar que a gente comece a assistir um aumento dos preços de alguns desses grãos. No caso do Brasil, especialmente, o trigo, que afeta muito a cadeia, como o pão”, afirma o pesquisador.
Já o presidente-executivo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), Rubens Barbosa, que não haverá impacto maior em termos de abastecimento global, porque as exportações dos EUA e da Rússia, neste ano, estão adequadas para atender a demanda mundial.
“No caso do Brasil não há importação da Ucrânia e as importações da Rússia são normais”, explica Barbosa. “Os moinhos brasileiros não importam da Ucrânia e, neste ano, as importações da Rússia deverão ser superiores às do ano passado.”
Ele cita que, em relação ao mercado global, houve pequeno aumento nas cotações da Bolsa de Chicago de 2% ou 3%.
O preço do pão francês chegou a variar 7,09% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho, divulgado na semana passado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já o preço da farinha de trigo aumentou 3,97% no mesmo período.
Cortes de petróleo: Ministro dos Emirados diz que pode equilibrar o mercado
Os cortes adicionais na produção e exportação de petróleo realizados pela Arábia Saudita e Rússia no último dia 3 de julho, devem ser suficientes para ajudar a equilibrar o mercado de petróleo, informou o ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Al Mazrouei, a repórteres na manhã quarta-feira (6)
Vale lembrar que a Opep+ – grupo formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, incluindo a Rússia, vem reduzindo a produção de petróleo desde novembro em razão da queda nos preços. Sendo assim, a aliança é responsável pela produção de cerca de 40% do petróleo bruto mundial.
A Arábia Saudita e a Rússia, maiores exportadores de petróleo do mundo, aprofundaram os cortes na oferta de petróleo na segunda-feira, em um esforço para elevar os preços.
Entretanto, o impacto do movimento no mercado foi limitado. Nesta quarta-feira (5), os futuros de referência do petróleo Brent negociaram mais de 1% abaixo de 75,30 dólares por barril, abaixo da faixa de 80 a 100 dólares por barril que a maioria das nações da Opep precisa para equilibrar seus orçamentos.
“Isso (os últimos cortes adicionais na produção) é suficiente para endereçar o mercado e observar o equilíbrio do mercado”, disse Mazrouei a repórteres, acrescentando que os Emirados Árabes Unidos não contribuíram para novos cortes.