Dona da JBS (JBSS3) faz nova oferta por fatia da Braskem (BRKM5)

A J&F, holding da família Batista, donos da JBS fez uma proposta de R$ 10 bilhões para comprar a fatia da Novonor na Braskem

A J&F, holding da família Batista, donos da JBS (JBSS3) fez uma proposta de R$ 10 bilhões para comprar a fatia da Novonor na Braskem (BRKM5). De acordo com informações do jornal “Valor Econômico” a oferta foi apresentada na noite de terça-feira (11) aos bancos que são credores da Novonor. A dívida da antiga Odebrecht com as instituições financeiras tem como garantia as suas ações na petroquímica.

Com o movimento, a J&F passou a integrar a lista de empresas que já fizeram ofertas pela Braskem, que já conta com a Unipar (UNIP6) e com um consórcio formado por Apollo e Adnoc.

O valor proposto pela família Batista, que prevê pagamento à vista, é o mesmo da Unipar, mas agrada mais aos bancos por não deixar nenhuma fatia para a família Odebrecht. Na da Unipar, a Novonor ainda seguiria como acionista, com uma participação menor, de 4%. No entanto, a oferta da J&F não seria suficiente para pagar os cerca de R$ 15 bilhões que a Novonor tem em dívida com os bancos.

Já a gestora americana Apollo e a Adnoc ofereceram R$ 47 por ação da Braskem, sendo R$ 20 em dinheiro, R$ 20 via a emissão de título de dívida perpétuo com taxa de 4% ao ano e R$ 7,14 em warrant, contratos que dão direito a compra de ações.

Inicialmente a proposta da Apollo e da Adnoc era pelo controle da Braskem, mas já teriam aceitado a possibilidade de serem sócios da Petrobras, que detém 36,1% do ativo. A Novonor tem 38,3%.

Esta é a segunda vez em poucos meses que a J&F tenta fazer a compra. Em março, a companhia fez uma proposta indicativa não vinculante, de R$ 9 bilhões (R$ 30 por ação) pelos 50,1% que a Odebrecht detém na Braskem (BRKM5). No entanto, a oferta foi recusada.

O interesse da J&F na petroquímica foi manifestado em meados de 2022 como uma oportunidade de diversificar os negócios da família Batista. Essa estratégia foi considerada levando em conta que a JBS já atingiu uma relevância significativa e tem menos margem para crescer além do seu tamanho atual. Portanto, a entrada no setor petroquímico seria uma forma de explorar novas oportunidades e expandir as atividades da J&F.

Governo de Alagoas quer participar das negociações

O Governo de Alagoas emitiu nota nesta terça-feira (11) criticando o processo de venda da Braskem e reivindica participar das negociações. Em Maceió, em 2018, houve um afundamento no solo de cinco bairros da capital alagoana em decorrência de mineração feita pela Braskem na região.

“Não faz sentido algum que, justo Alagoas – vitimado pelo mega desastre provocado pela Braskem em Maceió, com reflexos ambientais em todo o estado – seja alijado das negociações, visto o interesse público envolvido de milhares de habitantes do estado”, disse o governo estadual em nota.

De acordo com o governo, o acidente tornou Alagoas o “maior credor da Braskem”. O governo afirma que tem uma dívida que “supera a casa de duas dezenas de bilhões de reais, na soma de todos os atores e locais atingidos”. Segundo o governo, houve a realocação de 17 mil imóveis, 60 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas, 3.600 empresas foram fechadas, desempregando dez mil pessoas.

“É imperativo informar aos interessados na aquisição da Braskem que o chamado passivo de Alagoas está ainda longe de ter sua resolução positivamente encaminhada”, disse o governo.