Com a confirmação da instalação de sua primeira fábrica de veículos elétricos no Brasil, a montadora chinesa BYD despertou o interesse dos consumidores brasileiros. De acordo com a fabricante, o BYD Dolphin – quinto veículo de passeio da montadora no país – alcançou as 1.254 unidades vendidas, um recorde para um veículo elétrico no Brasil.
Porém, com a iminente popularização dos carros elétricos, uma outra questão vem à tona: onde esses carros serão recarregados para poder circular nas ruas do Brasil? Segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) hoje existem pouco mais de 3500 pontos de recargas espalhados pelo País, sendo que quase 50% desse total está concentrado no estado de São Paulo.
Para reverter esse quadro, a aposta de empresários do setor ouvidos pelo BP Money é de que a oferta de pontos de recarga acompanhe a popularização dos veículos elétricos no Brasil.
“A gente deveria ter uma relação de 1 carregador para cada 10 carros elétricos em circulação, que é a média europeia, norte-americana, mas ainda não é a realidade do Brasil. Então, quando a gente vê a projeção de uma frota para 2030 de 5% da frota circulante, com base nos 60 milhões de veículos circulando hoje, estamos falando de 3 milhões de carros em 2030 eletrificados. Daria uma demanda de 300 mil pontos de 1 para 10 carros, que é a média mundial. Agora como a gente vai sair desses 3 mil para os 300 mil pontos nos próximos 10 anos? A gente vai ter que ter um crescimento pari passu com o crescimento da frota em si”, projeta o diretor executivo da Voltbras, Bernardo Duriex.
Para o CEO da Tupinambá Energia, Davi Bertoncello, a chegada da BYD, assim como a produção da GWM, montadora chinesa de carros elétricos com fábrica em São Paulo, são os principais incentivos até o momento para o crescimento de pontos de recarga de energia, porém ele cobra mais empenho do poder público para que esse processo possa ser acelerado.
“Sem dúvida é uma iniciativa importante. Porém, quando se compara aos benefícios concedidos aos combustíveis fósseis e sua economia, é muito tímida. Temos uma matriz elétrica 92% renovável e abundante, além de todos os minerais necessários para fabricação das baterias e dos motores. Veículos elétricos são o futuro, não apenas pelas menores emissões, mas principalmente por oferecerem uma melhor experiência. O Brasil precisa adotar uma postura de protagonismo, sob o risco de novamente vivermos em uma situação de reserva de mercado com produtos obsoletos e de pouco interesse comercial internacional. Os empregos de amanhã não estão mais apenas nas linhas de usinagem da indústria tradicional, eles estarão também nas linhas de código do software da indústria da eletromobilidade e das energias renováveis”, pontuou.
Novo recorde de vendas
De acordo com dados da ABVE, o mercado de veículos leves eletrificados no Brasil teve o melhor semestre da série histórica, com 32.239 emplacamentos de janeiro a junho de 2023.
Esse total representa um crescimento de 58% em relação ao primeiro semestre de 2022 (20.427), e se encontra próximo das vendas de todo o ano de 2021 (34.990).
Só em junho foram 6.225 emplacamentos – 53% acima de junho de 2022 (4.073). Foi o melhor mês de junho e o terceiro melhor mês de toda a série histórica, só superado por maio/23 (6.435) e setembro/22 (6.391).
A ABVE projeta que os números indicam que o mercado tem boa possibilidade de superar a previsão de 70 mil emplacamentos até o final do ano.
A frota total de veículos leves eletrificados no Brasil chegou a 158.678 unidades, de janeiro de 2012 a junho de 2023.