Dólar: apesar de alta, moeda deve perder força

O dólar surpreendeu e fechou a primeira semana de julho com valorização de 0,85%

Após sucessivas quedas, o dólar surpreendeu e fechou a primeira semana de julho com valorização de 0,85%. Apesar de demonstração de força, a moeda americana deve manter a tendência de queda, segundo analistas ouvidos pelo BP Money.

“Para o segundo semestre, acredito que o cenário será ainda mais favorável. Sustento a crença na valorização da bolsa, com a expectativa de alcançar a marca de 130.000 pontos. Além disso, prevejo uma queda ainda maior no valor do dólar, estimando que possa chegar a R$ 4,50 e, posteriormente, a R$ 4,35”, opinou o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo. 

Bazzo aposta que a economia brasileira deve se manter cada vez mais atraente para investimentos, apesar da manutenção da taxa básica de juros e da demora para aprovação do arcabouço fiscal. 
 
“Embora o corte da taxa de juros seja uma possibilidade no futuro próximo, a taxa de juros ainda é relativamente alta, o que torna o país interessante para investidores estrangeiros. Ressalto que essa conjuntura favorece a entrada de capital externo e impulsiona o mercado financeiro brasileiro. Com uma visão otimista, minhas perspectivas são promissoras para os próximos dias do ano, estimulando os investidores a acompanharem de perto as tendências e movimentações do mercado financeiro”, avalia o CEO. 

Para o head de renda variável e sócio da A7 Capital, André Fernandes, o dólar não deve chegar perto dos R$ 5,00, teto estipulado pelo mercado. “A faixa dos R$ 5,00 é um ponto que o mercado está tomando como teto da moeda americana, nessa semana chegamos a testar próximo a casa dos R$ 4,95, e ao chegar nesse patamar os agentes passam a procurar mais vendas do que compras no dólar, devido a proximidade desse teto dos R$ 5,00”, explicou. 

Qual o motivo da valorização?

A disparada do dólar na semana passada pegou muito gente de surpresa. Afinal, qual o motivo da valorização da repentina da moeda americana frente ao real? Um dos motivos apontados pelos analistas está o resultado do Payroll, que mostrou a criação de 209 mil empregos não agrícolas em junho, ficando abaixo das estimativas do mercado, que rondavam os 225 mil.

“Além de ser uma correção técnica, visto que o dólar estava caindo a cinco semanas consecutivas, os dados que saíram do Payroll, deram um “susto” no mercado, isso provocou uma correria dos agentes para ativos seguros, e o dólar é um desses ativos, o que gerou um forte fluxo comprador”, avaliou André Fernandes.

A ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), também influenciou o desempenho do dólar. De acordo com o documento divulgado pelo Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano) na última quarta-feira (5), quase todos os participantes do FOMC observaram na última reunião do colegiado que novos aumentos adicionais da taxa de juros seriam apropriados neste ano.

“Os mercados globais estão operando no risk off (fuga do risco) após novos dados da economia norte-americana trazerem a percepção de que o Federal Reserve poderá ser ainda mais rígido na política monetária para conter a inflação”, opinou Luiz Felipe Bazzo.