O Banco Central divulgou nesta terça-feira (27) a ata da última reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), encerrada em 22 de junho e que decidiu pela manutenção da taxa Selic em 13,75%. No documento, o BC afirmou que irá manter a taxa Selic no patamar atual “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Apesar disso, a ata do Copom também revelou uma divergência entre seus membros em relação à sinalização sobre os próximos passos da política monetária. Enquanto a maioria defendeu a possibilidade de um processo gradual de redução na próxima reunião, marcada para agosto, um grupo adotou uma postura mais cautelosa.
Na avaliação de Thamiris Abdala, Diretora Organizacional e Controladoria do Grupo Epicus Outlier, o documento do órgão monetário trouxe uma maior expectativa em relação à possibilidade de um corte na taxa de juros a partir de agosto deste ano.
“A ata da reunião do Copom trouxe uma expectativa maior quanto à possibilidade de corte nos juros a partir do segundo semestre. O documento até descreve: “a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”. Com isso, é possível observar uma grande chance de redução de 0,25% na taxa Selic a partir de agosto”, disse Abdala ao BP Money.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, ainda destaca que o documento do BC veio em linha com a reunião da semana passada, destacando a importância do combate à inflação.
“O Copom manteve a linha da última reunião, ressaltando a importância da convergência da expectativa de inflação no médio prazo, horizonte esse que inclui 2024, e que para tanto seria importante a manutenção da taxa Selic por mais tempo, o que poderia significar a primeira vista uma sinalização de juros altos por mais tempo”, observou Alves.
“Ao mesmo tempo, o Copom deixou pistas para o mercado dos próximos passos, de que, com uma mudança de conjuntura fiscal, tributária e da inflação global, o contexto da política de juros pode mudar para corte a partir do segundo semestre de 2023”, acrescentou o chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
O BC poderá optar por mais uma manutenção dos juros em agosto?
Apesar de dar pistas sobre um possível afrouxamento monetário a partir da próxima reunião do Copom, que acontecerá em agosto, o BC não descartou fazer novas manutenções na taxa básica de juros caso o cenário inflacionário não cesse.
“Os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, constou a ata do Copom.
Mesmo com o BC afirmando que pode postergar a queda dos juros em agosto, Rodolfo Consenzo, especialista em investimentos da Top Gain, acredita que isso seja pouco provável.
“É pouco provável que o BC faça mais manutenções nos juros. Os dados de inflação apontados no Boletim Focus e os últimos índices econômicos vêm mostrando desaceleração, ao passo que o PIB vem mostrando aceleração. Logo, o Brasil está produzindo riquezas, consumindo bens e serviços e mesmo assim a inflação continua caindo, ou seja, é uma excelente equação para nosso país. Estes dados ajudam ainda mais a pressionar pela redução dos juros”, argumentou Consenzo.