Copom não mexe nos juros até setembro, diz analista

Tom adotado pelo Banco Central frustrou a previsão de boa parte do mercado

O tom adotado pelo BC (Banco Central) no comunicado desta quarta-feira (21), que confirmou a manutenção da taxa de juros em 13,75%, frustrou a previsão de boa parte do mercado que acreditava em uma sinalização clara de redução do índice na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no início de agosto.  

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ficou evidente que a Selic será mantida pelo banco por mais tempo que o esperado. “Deixou claro que até setembro não mexe nos juros, empurrando por mais um mês”, cravou o economista. 

“A ata mostrou preocupações com o retorno da inflação e também ancorou as decisões em cima do arcabouço e da redução de preços das commodities, como também com o sistema financeiro internacional, ainda vendo que há algum risco. Com isso, tirou a euforia do mercado em ter alguma redução para agosto e tirando o viés de curto prazo de mexer com o Copom. Isso deve mexer com a bolsa, principalmente com as varejistas que devem devolver os ganhos do dia de hoje, já que aguardavam um pouco mais otimista referente a taxa”, avaliou Velloni. 

O economista-chefe da corretora de valores Necton, André Perfeito, disse que não há surpresas na decisão do BC, mas que o banco está prisioneiro da sua retórica e arma para si uma situação difícil de desatar. 

“Praticamente abandonou o protagonismo da decisão dos juros para deixar em stand by aos desígnios das projeções, projeções essas de mercado que tem errado de maneira significativa desde o início do ano”, criticou. 

“Que pese a retirada do trecho onde apontava que poderia subir os juros, mas volta a ficar claro que a atual diretoria irá insistir em abrir mão de decidir e terceirizando ‘tecnicamente’ para as expectativas de mercado algo um tanto diferente do estilo desta mesma diretoria que cortou os juros mais que o esperado pelo mercado, que subiu mais que o esperado pelo mercado e está mantendo de lado por mais tempo que o esperado pelo mercado. Se mantiverem a coerência com a estratégia e com o conjunto de variáveis financeiras atuais provavelmente irá cortar “mais que o mercado espera”, completou. 
 

Apesar da divergência apontada, o economista mantém o otimismo e projeta a perspectiva de corte de juros na próxima reunião com uma afrouxamento inicial de 50 pontos base e levando a Selic a 11,75% ao final do ano.

Manutenção dos juros

Na reunião desta quarta, pela sétima vez consecutiva, o Copom do banco decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano.

A última vez que houve alteração na taxa foi em agosto de 2022, quando o Copom ajustou meio ponto percentual para cima, passando de 13,25% para os números atuais. 

Previsto por boa parte dos analistas, em seu comunicado, o BC não deu sinais mais claros de um ajuste para baixo na taxa na próxima reunião do Copom, que vai acontecer no início de agosto.