O BC (Banco Central) está próximo de cortar os juros no Brasil, acredita o ex-presidente da autoridade monetária, Armínio Fraga. Mas, o analista cita contraponto que depende de apoio fiscal para que isso ocorra. As falas de Fraga foram dadas em entrevista com o Valor Econômico.
“O BC, em geral, faz um belo trabalho nessa área, ninguém lá é sádico. Tem gente que acha que o BC está a serviço dos rentistas. Eu acho que quem está a serviço dos rentistas é o governo, que é o maior tomador de empréstimos e assim pressiona os juros”, disse.
Fraga ainda contou que é necessário resolver as contas para que a autoridade monetária possa ter margem de segurança para o corte na taxa Selic. O ex-presidente afirmou que gosta da meta de inflação de 3,25%, 3 e 3% para 2024, 2025 e 2026 respectivamente, mas acredita que Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, se sinta “protegido” no manejo da política monetária.
Neste contexto, Fraga defende uma nova Reforma da Previdência, ainda que a última tenha ocorrido há quatro anos, bem como reformas administrativa e tributária.
Economia vai mal, acrida Fraga
Fraga destacou que, até o momento, a avaliação do governo Lula em termos econômicos é negativa, afirmando que a “área econômica vai mal”. Ele expressou sua expectativa de que as lições aprendidas com a experiência do PT no poder, tanto as positivas quanto as negativas, tivessem sido melhor absorvidas.
Segundo o economista, os ministérios da Fazenda, sob a gestão de Fernando Haddad, e do Planejamento, com Simone Tebet, demonstraram um posicionamento adequado em relação à questão fiscal, visando a recuperação da credibilidade do Brasil. Fraga considera isso como um dos pilares do “tripé macroeconômico”.
BC: Líder da Câmara prevê consequências caso juros sigam altos
Caso a taxa de juros do BC (Banco Central) siga em 13,75%, pode haver “desdobramentos”, apontou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). As informações são da Reuters.
Ao reforçar o discurso de muitos integrantes do governo contra a política do BC, Guimarães argumentou que há melhora nos dados econômicos, o que justificaria um movimento de flexibilização da política monetária.
“Não tem inflação alta, o desemprego está cedendo, o crescimento está se estabelecendo. Estamos fazendo as reformas que são necessárias e nada disso serve para uma baixa”, disse o líder governista em entrevista ao Jornal GGN, do jornalista Luis Nassif.
“Acho que se isso não ocorrer, teremos desdobramentos no segundo semestre em todos os aspectos”, acrescentou.
Mais cedo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que tem observado uma desaceleração grande na inflação brasileira, mas que o núcleo dos preços ainda segue muito alto e as expectativas de alta dos preços permanecem elevadas.