As ações do Carrefour (CRFB3) e Assaí (ASAI3) acumulam quedas no ano de 30% e 40%, respectivamente, em um período em que o Ibovespa subiu 3%. Apesar disso, o JP Morgan ainda não vê um bom momento de entrada para nenhuma das duas e prevê um segundo trimestre ainda mais difícil para as varejistas. As informações são do site Brazil Journal.
O banco cita um levantamento da Nielsen segundo o qual o segmento de cash & carry fechou abril com queda de 3,6% em São Paulo e no Rio – os principais mercados das duas empresas. No ano, a queda acumulada é de 1,5%. Além disso, a inflação de alimentos deve desacelerar o top line até o fim de 2023.
No segundo tri, por exemplo, o JP Morgan vê um aumento de preços de 5% (contra 4% da inflação geral), enquanto no mesmo período de 2022 os alimentos subiram 16% (comparado a 12% no índice). A previsão do JP é de que o same-store sales do Assaí caia 1,5% e a do Atacadão, 2,1%.
“Também vemos que o mercado se tornou bem mais competitivo no ano passado, com vários players abrindo uma quantidade considerável de lojas,” escreveram os analistas Joseph Giordano, Nicolas Larrain e Guilherme Vilela.
O Assaí também pode ser prejudicado pela discussão de incentivos fiscais no ICMS, já que 27% do lucro estimado pelo JP Morgan para 2024 é originado por esses incentivos.O Carrefour não tem esse tipo de exposição.
O banco americano decidiu cortar a estimativa de lucro por ação do Assaí em 8% para 2024, e reduziu o preço-alvo do papel de R$ 14,50 para R$ 13,50.
No caso do Carrefour, o EPS foi reduzido em 9%, principalmente por despesas operacionais mais altas — mas o banco manteve o preço-alvo em R$ 13, ajudado pelo menor custo de capital da empresa. O JP Morgan vê o papel das duas empresas negociando a 11x o lucro estimado para 2024. Por enquanto.
Assaí registra queda de 66,4% no lucro do 1T23
O Assaí divulgou no início do mês o seu balanço do primeiro trimestre de 2023. A companhia reportou lucro líquido de R$ 72 milhões entre janeiro e março, queda de 66,4% em relação ao mesmo período de 2022.
Já a receita líquida somou R$ 15,1 bilhões nos primeiros três meses de 2023, alta de 31,9% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. De acordo com o Assaí, o resultado refletiu a performance das 59 lojas inauguradas nos últimos 12 meses.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por sua vez, totalizou R$ 951 milhões no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 26,5% na comparação anual. Já a margem Ebitda ajustada atingiu 6,3% no período, baixa de 0,3 ponto porcentual frente a margem registrada na mesma etapa do ano passado.
O resultado financeiro líquido do atacarejo foi negativo em R$ 428 milhões entre janeiro e março, alta de 111,9% sobre as perdas financeiras da mesma etapa de 2022.
Carrefour registra prejuízo de R$ 375 milhões no 1T23
O Carrefour divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2023 e o registro mostra que a companhia reverteu o lucro líquido alcançado no mesmo período em 2022. O prejuízo líquido ajustado foi de R$ 375 milhões, contra o lucro de R$ 421 milhões de 2022. O documento relatado nesta terça-feira (2) revelou que o resultado da companhia foi impactado pelo aumentos das despesas financeiras e administrativas.
O Ebitda ajustado do Carrefour foi de R$ 1,038 bilhão no período de janeiro a março deste ano, 16,8% a menos na comparação com o mesmo período do ano anterior. Sem contar o Grupo Big, a cifra ficou em R$ 1,254 bilhão, avanço anual de 0,6%.
A margem Ebitda ajustada recuou 2,4 p.p (ponto percentual), chegando a 4,3% no trimestre deste ano. Já a receita líquida chegou a R$ 24,385 bilhões no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 29,4% na comparação com o período homólogo de 2022, enquanto as vendas brutas atingiram R$ 27,1 bilhões, 30,7% acima.
O resultado financeiro líquido do Carrefour registrou um prejuízo de R$ 756 milhões, uma elevação de 132,1% sobre as perdas do ano anterior. Contudo, o lucro bruto atingiu a cifra de R$ 4,804 bilhões nos primeiros três meses de 2023, alta de 29% em relação ao trimestre inicial do ano passado.
As despesas gerais e administrativas somaram R$ 3,790 bilhões no primeiro trimestre do ano, um crescimento de 52,2% ante o mesmo período de 2022.