A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na última terça-feira (16) uma nova política para definição de preços de diesel e gasolina, em substituição à política de Preço de Paridade de Importação (PPI). O anúncio era esperado pelo mercado.
Dessa forma, contrariando as expectativas dos especialistas do mercado, as ações da estatal reagiram bem ao comunicado da empresa, apresentando uma alta consistente. À vista disso, o questionamento que fica é: porque os ativos estão subindo.
Para Ricardo Rodil, especialista em investimentos e líder do Mercado de Capitais do Grupo Crowe Macro, o mercado vem dando sinais contraditórios a respeito deste assunto.
“Temos de reconhecer que um dia ou dois de operações na Bolsa, é um dado insuficiente para julgar a conduta do investidor. Por conseguinte, fica dificílimo tentar explicar o que levou o investidor a uma atitude de compra, fazendo a ação subir. Precisamos de ver como será o comportamento desses investidores no intervalo de, no mínimo, uma semana”, ressaltou Rodil.
Em contrapartida, para o economista e especialista em gestão de negócios, Rica Mello, os ativos da Petrobras agiram dessa forma porque já estava precificado no valor da ação de que a estatal mudaria sua política de preços.
“Isso foi uma das promessas de campanha do governo Lula e o mercado acreditava que essa promessa seria cumprida, na promessa de campanha, Lula dizia que iria “abrasileirar” os preços cobrados pela Petrobras, que é exatamente o que foi divulgado ontem”, explicou Mello.
Contudo, o economista pontuou que, nesse ‘abrasileiramento’ nos preços, a queda que houve na gasolina e no diesel foi baixa, e na verdade, já existia espaço para uma queda nos preços da gasolina, gás e diesel. Isso porque, o câmbio e o preço do petróleo desvalorizaram nos últimos meses.
“Foi mais um discurso de que a queda aconteceu porque o preço ‘abrasileirou’, mas na verdade isso aconteceu porque havia espaço para isso”, ressaltou Mello.
Desse modo, o economista acredita que o mercado já tinha precificado que o preço seria ‘abrasileirado’, mas na sua visão, ele foi pouco ‘abrasileirado’, ou que isso pode acontecer de maneira muito gradual, portanto, o mercado ficou mais tranquilo, finalizou.
Nova política da Petrobras não se distanciou da paridade internacional
Por outro lado, para o sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, Idean Alves, os ativos valorizaram, porque a nova política de preços não ficou tão distante da paridade internacional, como era imaginado.
“Embora tenha alguns pontos a serem esclarecidos, o impacto no balanço da Petrobras pode ser menor que o esperado, já que os custos da empresa e o custo de oportunidade da empresa vão ser levados em consideração no cálculo”, pontuou Alves.
Além disso, Alves destacou o que de fato agradou os investidores foram os dividendos da Petrobras de R$ 1,37, corrigidos pelo CDI, dando R$ 1,44. “Apesar de ser um evento extraordinário, animou o mercado que ponderou a mudança de forma positiva. O que poderia ser pior, ficou dentro do esperado”.