Um dos principais alvos da Operação Lava Jato, o executivo Marcelo Odebrecht passou os últimos dois anos trabalhando no setor administrativo do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S. Paulo”.
Ainda segundo a publicação, há três meses, Marcelo terminou de cumprir a pena a que foi sentenciado por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ele foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pelo então juiz Sérgio Moro em 2016. Fez acordo de delação que reduziu a pena para 10 anos. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) reduziu o período para sete anos, que já foram cumpridos.
O empresário começou a trabalhar na unidade médica em junho de 2021, e trabalhou lá até o dia 26 de janeiro deste ano. De acordo com o jornal, Marcelo conseguiu passar despercebido para médicos e funcionários da instituição, já que poucos sabiam de sua presença no prédio do complexo.
O ex-presidente da Odebrecht batia ponto no hospital duas vezes por semana. Fazia serviços administrativos e auxiliava em discussões de processo e fluxo de trabalho. Marcelo atendia também demandas administrativas gerais nas áreas subordindas à superintendência e à chefia de gabinete.
Marcelo Odebrecht e Novonor chegam a acordo
Marcelo Odebrecht e o grupo Novonor (antiga Odebrecht) chegaram a um acordo de reconciliação que coloca fim às disputas entre a companhia e o executivo, que é ex-presidente e herdeiro do conglomerado. A conciliação foi firmada na quinta-feira (7), segundo informações do “Valor Econômico”.
“Por meio de concessões recíprocas, que contaram com o apoio de mediador profissional, Novonor e Marcelo Odebrecht alcançaram o consenso necessário para extinção dos processos iniciados em 2020”, diz a empresa em nota.
Com o acordo mútuo, Marcelo Odebrecht deixou de ser acionista do grupo, no qual não exercia mais nenhum cargo.
A Odebrecht, conglomerado empresarial brasileiro, fundada por Norberto Odebrecht, virou o centro das atenções com a revelação de práticas de corrupção dentro do grupo a partir da Operação Lava Jato.
As acusações envolvendo Marcelo afirmavam que o herdeiro chantageava os executivos para obter benefícios. Marcelo afirmava que os ataques eram retaliações por sua delação premiada e acusava a gestão de conduzir a empresa com objetivo de esconder seus próprios atos ilícitos. As declarações culminaram na demissão de Marcelo por ordem de seu pai, Emilio Odebrecht.
Uma das ações judiciais envolvendo a companhia e o executivo envolvia um pagamento de R$ 52 milhões que o grupo deveria destinar ao ex-presidente, referentes aos serviços prestados por Marcelo entre 2013 e 2015. O pagamento chegou a ser acertado em junho de 2017, mas a companhia conseguiu sua anulação.
A Novonor afirmou que Marcelo teria conseguido a remuneração adicional por meio de coação aos executivos e que, por isso, não seria validada pelo conselho de administração.
Já outra ação previa o pagamento de R$ 143,5 milhões a Marcelo Odberecht e seus familiares, como forma de indenização por danos causados pelo processo de cooperação com a Justiça. O acordo foi assinado em novembro de 2016.