No começo de abril, o portal “Brazil Journal” noticiou que a Taesa (TAEE11) desejava participar mais ativamente de leilões do setor elétrico deste ano e do próximo. Para isso, a companhia estaria preparando uma oferta pública de ações de até R$ 2 bilhões.
A notícia pegou muitos investidores de surpresa, que não gostaram prontamente da ideia, pois, ao fazer uma oferta de ações, a Taesa estaria diluindo as participações de quem já é acionista. Em meio a uma preocupação generalizada do mercado, a companhia elétrica emitiu um comunicado em 10 de abril afirmando que ainda não tomou uma decisão formal em relação a uma possível oferta pública de ações.
Neste contexto de incerteza, a pergunta que tem causado intriga é: os investidores devem fugir das ações da Taesa?
“Essa suposta oferta de ações da Taesa não é motivo para preocupar os investidores. Na verdade, essa capitalização é uma forma de viabilizar a continuidade dos investimentos da companhia sem que a distribuição de dividendos seja afetada. Além disso, a Taesa tem apresentado bons múltiplos e a oferta pode representar boas oportunidades para a companhia no longo prazo”, explicou Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset, ao BP Money.
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, partilha da mesma visão de Gonçalvez e não vê razões para os investidores fugirem dos papéis da Taesa. Ainda segundo o analista, uma possível oferta de ações seria positiva para a companhia elétrica, pois a entrada de capital ajudaria na quitação de algumas dívidas.
“Não acho que está na hora de fugir das ações da Taesa. Levando em conta que a companhia está super endividada, essa oferta de ações pode acabar sendo positiva, pois, enquanto não há leilão, a empresa pode usar esse capital para pagar suas dívidas e revitalizar seu caixa”, pontuou Brasil.
Já na visão de Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, uma possível oferta de ações da Taesa é, de certa forma, questionável. Segundo o analista, é curioso analisar que a Taesa é uma empresa que paga muitos dividendos aos seus acionistas e mesmo assim precisa de capital para participar dos leilões de transmissão.
“A Taesa já se mostrou interessada em dois leilões de transmissão, que irão acontecer em julho e dezembro deste ano. No entanto, ela precisa de recursos para participar, e isso está gerando um ponto de discussão no mercado. Como a Taesa precisa captar recursos para participar dos leilões se ela conseguiu pagar tantos dividendos nos últimos anos? Ela tem de fato uma boa estrutura de capital?”, questionou Bohm.
Como será o balanço do 1T23 da Taesa?
A Taesa (TAEE11) irá divulgar o seu balanço do primeiro trimestre do ano na próxima quarta-feira (03). O resultado é muito esperado pelos investidores, pois a empresa de energia é comumente conhecida por seus dividendos generosos. De acordo com Gonçalvez, a companhia deverá ter mais um resultado trimestral positivo.
“As expectativas para o próximo balanço da Taesa são positivas, principalmente devido à oferta de R$ 2 bilhões que a empresa deve realizar para viabilizar melhorias em sua estrutura. Além disso, como empresa de transmissão de energia, a Taesa tem a vantagem de conseguir repassar a inflação para o seu consumidor final, o que pode contribuir para um aumento na rentabilidade da empresa”, afirmou.
“No entanto, é importante observar que algumas concessões com receitas relevantes começarão a se encerrar em 2030, o que tem levado a Taesa a ser bastante agressiva nos leilões de transmissão recentes, vencendo lotes com retornos reais algumas vezes até abaixo de títulos do governo indexados à inflação. Isso pode comprometer os retornos e os dividendos nos próximos anos”, observou o CEO da Box Asset.