Lula avalia crédito para popularizar carros elétricos no Brasil

BYD propôs linhas de financiamento para estimular aquisição de veículos elétricos

A fabricante chinesa BYD negocia a ampliação de sua operação no Brasil e estuda a instalação de uma fábrica de carros elétricos na Bahia. Na semana passada, o governador do estado Jerônimo Rodrigues (PT) e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram com executivos da montadora para tentar ajustar os detalhes para a implantação da nova fábrica da gigante asiática em solo brasileiro.

De acordo com o petista baiano, os planos da BYD para a Bahia e para o Brasil são grandes. Segundo o governador, os chineses querem implantar no estado a maior indústria de montagem deles fora da Ásia, para abastecer o Brasil e a América Latina. 

Ainda segundo o governador, a montadora fez algumas exigências para que o projeto possa sair do papel. Um deles depende do governo federal e seria a criação de linhas de financiamento para estimular taxistas, motoristas de aplicativos e a população mais pobre na aquisição de veículos elétricos. 

“A intenção é criar uma política nacional de estímulo aos carros elétricos para a gente poder cumprir os nossos acordos internacionais de meio-ambiente e gerar emprego”, disse Jerônimo em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19).

Além disso, outra proposta feita pelos chineses é que a União e o Executivo baiano firmem o compromisso de adquirir carros elétricos para frota de viaturas, ambulâncias e ônibus escolares e de transporte público. “Eles ficaram de entregar ao governo Lula essa demanda e Lula recebendo vai dizer o que pode e não pode”, acrescentou Jerônimo. 

A isenção do IPVA, mais um pedido feito pelos chineses já está em análise pelo governo baiano. “Se não der para isentar totalmente, vamos baixar para estimular a compra de carros elétricos”, afirmou o governador.

 

Nova fábrica será muito bem-vinda, diz Anfavea

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), vê a instalação da fábrica da BYD na Bahia com empolgação. “A ampliação de negócios com produção local é muito bem-vinda. A Anfavea é uma associação de fabricantes sempre aberta à participação de novas empresas”, disse em nota enviada ao BP Money. 

Já em relação a possível popularização de carros elétricos no país com os incentivos fiscais propostos pela empresa, a associação é cautelosa, mas garante que é entusiasta de tecnologias que não sejam ofensivas ao meio ambiente. 

“A popularização dos elétricos, depende de muitos outros fatores, sobretudo na área de infraestrutura, geração e distribuição de energia. A Anfavea é defensora de múltiplas rotas tecnológicas voltadas à descarbonização, entre elas a descarbonização”, comunicou. 

 

Fábrica

Inicialmente a ideia da BYD era aproveitar as instalações da antiga fábrica da Ford, em Camaçari, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Porém, na semana passada, a Reuters publicou que a fabricante chinesa avalia um local alternativo na Bahia onde a montadora poderia construir uma fábrica do zero se as negociações com a Ford não avançarem.

De acordo com a publicação, integrantes da comitiva brasileira que visitou a China nesta semana ofereceram novos incentivos, incluindo um terreno para a empresa, em meio a negociações paralisadas para assumir o complexo fechado em Camaçari.

As fontes ouvidas pela Reuters disseram que a empresa chinesa seguirá negociando com a Ford para assumir a fábrica baiana e herdar os incentivos fiscais estaduais.

Ainda segundo a publicação, a BYD deixou claro que não teria problemas em abrir uma nova fábrica. “Eles apontaram que às vezes a adaptação de um site é mais demorada do que fazê-lo do zero”, disse uma das fontes.

A BYD chegou ao Brasil em 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos, em Campinas (SP). Em 2017, abriu uma segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos. Para abastecer a frota de ônibus elétricos, a empresa iniciou, em 2020, a operação de sua terceira fábrica no Brasil, no Polo Industrial de Manaus (PIM), dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio (LiFePO4). 

A empresa também é responsável por dois projetos de SkyRail (monotrilho) no país: em Salvador, com o VLT do Subúrbio, e na cidade de São Paulo, com a Linha 17 – Ouro.