A Boa Safra (SOJA3), empresa líder em produção de sementes de soja, anunciou a expansão de sua capacidade de produção, armazenagem e distribuição em 2023. A novidade foi comentada durante o Boa Safra Day, evento que o BP Money esteve presente nesta segunda-feira (17) no Espaço B3, em São Paulo (SP).
A companhia aprovou um Capex (investimento próprio) de R$ 110 milhões, o que vai permitir um crescimento da produção de soja em 40 mil bigs bags (sacas). Esse aumento de produção será contemplado pelas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBSs) de Buritis (MG), que aumentará sua capacidade em 26 mil big bags, e em Jaborandi (BA), em 14 mil big bags.
Nos últimos dois anos, a companhia já havia investido em torno de R$ 320 milhões em sementes de soja. “Esse dinheiro aumentou nossa capacidade em 100 mil bags, saindo de 100 mil para 200 mil, além de aumentar em R$ 100 milhões de resultado na companhia”, explicou o CEO da companhia, Marino Colpo, que complementou dizendo que, a soma de todos os investimentos, resultarão em 240 mil big bags em 2024.
Novo Centro de Distribuição e mais maquinário
“Trazemos também como novidade um Centro de Distribuição (CD) em Paraíso (TO) que vai ser muito importante para o crescimento [da companhia] no Norte e Nordeste. Essa região avançou uma média de 32% nos últimos cinco anos. É a terceira maior região com crescimento de área plantada nos últimos 10 anos”, disse o diretor de operações, Glaube Caldas,
Além dos investimentos, a companhia também anunciou a implementação de seis novas máquinas de TSI (tratamento da semente de soja com insumos como fungicidas e inoculantes), saltando de cinco máquinas para 11. “Com isso, nossa expectativa é conseguir fazer o tratamento de sementes em todas as nossas unidades, sejam elas as UBSs ou de armazém-refrigerado, os CDs. Essas máquinas já entram em operação neste ano”, informou Caldas.
Novas culturas
Com o objetivo de diminuir a ociosidade da plantação, a Boa Safra anunciou que irá implementar em seu portfólio novas culturas de trigo, sorgo e brachiaria. Além de já ter englobado, recentemente, feijão e forrageiras.“Basicamente, a gente precisa de pouca adaptação das plantas para conseguir fazer esse beneficiamento e são produtos muito complementares”, explicou Caldas.
“Nós não queremos negócios pequenos, temos ambições grandes e vemos potencial de crescimento em todas as culturas que estamos entrando. Queremos um segmento que seja relevante na participação da receita da nossa companhia. A gente conhece muito soja, agora conhecemos muito milho com a Bestway e queremos conhecer muito outras culturas”, comentou o CEO da companhia.
Em setembro de 2022, em seu primeiro M&A, a Boa Safra adquiriu dois terços de participação no capital social da Bestway Seeds, empresa de sementes de milho sediada em Uberlândia (MG), investindo nesse setor R$ 35 milhões. Para 2023, a expectativa é de R$ 45 milhões em investimentos em milho.
“Nós praticamente saímos de 19 mil bags para 32 mil bags em 2023. Ou seja, estamos crescendo a empresa, em nove meses, em quatro vezes. Temos para os próximos 48 meses o desafio de produzir 132 mil bags de sementes”, disse o sócio da Bestway, Fábio Badaró.
Bons resultados da Boa Safra (SOJA3)
Em dois anos do IPO (oferta pública inicial), a Boa Safra cresceu seu volume de produção em 70%, segundo o CEO, Marino Colpo. “Nós crescemos de 12 mil para 37 mil big bags. Já o lucro cresceu de R$ 70 milhões para R$ 175 milhões, um salto de 150%”, disse.
“É uma empresa que também tem crescido muito, nos últimos anos, o market share. A gente saiu de 1,8% em 2014 para 7,4% em 2022. É uma empresa que nunca parou de crescer desde que foi criada. No primeiro ano, o faturamento foi na casa de R$ 10 milhões. No ano passado, foram R$ 1,7 bilhões”, comentou o CEO.
A diretora de Marketing, Andreia Cocka, também trouxe os resultados das safras. De acordo com ela, a produção de sementes de biotecnologia aumentou, na safra de 2020 para 2021, 29,3%, enquanto os correntes cresceram 23,4%. Já na safra de 2021 para 2022, esse número da companhia foi de 43,7%, enquanto dos concorrentes 6,8%. “As sementes com biotecnologia são nosso diferencial”, disse.
Modelo de negócio
Nascida em 2009 por meio dos irmãos Marino Colpo e Camila Colpo, o Boa Safra atua no segmento de produção de sementes com biotecnologia. No modelo de negócios, a primeira parte está nos reprodutores de germoplasma, que são oito parceiros desenvolvedores de genética e biotecnologia, como Bayer e Sygenta.
A companhia adquire o licenciamento e compra as sementes para, na sequência, os produtores integrados (produtores que têm fazenda próximas à fábrica em um raio de no máximo 200 km), plantarem as sementes. Atualmente, segundo o CEO, há cerca de 300 produtores.
“Depois esse material genético (sementes) vai para o laboratório. O laboratório aprovando, vai para colheita e depois para UBS. Alí, a semente é processada e a gente armazena em câmara fria por quatro a seis meses, para depois tratar em TSI. Depois nós vendemos para revenda e elas vendem para os produtores rurais. Nesse momento da venda, a gente paga o royalty para as empresas de tecnologia”, disse.
Atualmente, a empresa possui duas UBS em Goiás (Formosa e Cabeceiras), uma em Minas Gerais (Buritis), uma na Bahia (Jaborandi). Já os Centros de Distribuição estão localizados no Maranhão (Balsas) e Mato Grosso (Sorriso).