Campos Neto: mercado precifica queda de juro desde fevereiro

A expectativa de queda da taxa Selic se intensificou na terça (11), após o bom resultado do IPCA de março

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse que desde fevereiro o mercado de juros futuros voltou a precificar cortes da taxa Selic – como já havia acontecido entre meados de agosto e novembro de 2022. Nessa época, a expectativa de redução atingiu 0,79 ponto porcentual no horizonte de seis meses.

A avaliação consta da apresentação usada por Campos Neto na reunião promovida pela XP Investimentos, com investidores em Washington (EUA) nesta quarta-feira (12).

A expectativa de queda da taxa Selic se intensificou na terça (11), após o bom resultado do IPCA de março (0,71%), com a curva já apontando para chance de um primeiro corte de juros no Comitê de Política Monetária (Copom) de junho.

Campos Neto disse ainda que as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro passado iniciou-se um processo de deterioração.

“A inflação caiu, mas as pressões permanecem. O componente de demanda da inflação no Brasil é relativamente forte”, ressaltou. “Expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro iniciou um processo de deterioração”, complementou.

De acordo com o Infomoney, um ponto de atenção atualmente, o mercado de crédito também foi citado na apresentação, repetindo avaliação recente dos membros do Copom. Segundo o documento, há uma desaceleração em novas concessões e uma mudança na composição em direção a modalidades mais caras, com a taxa de inadimplência em alta.

 

IPCA desacelera para 0,71% em março, abaixo do esperado

O IPCA desacelerou em 0,71% em março, após subir 0,84% em fevereiro, e soma agora seis meses seguidos de alta, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta terça-feira (11). 

O IPCA acumula alta de 4,65% nos últimos 12 meses. Neste ano, a inflação acumula evolução de 2,09%.

Os números divulgados pelo IBGE ficaram abaixo da expectativa do do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,77% no mês e de 4,70% na comparação anual.

O destaque ficou para o setor de Transportes, com maior impacto (0,43 pp) e variação (2,11%). Logo após,  vieram Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%), que desaceleraram em relação a fevereiro, contribuindo com 0,11 p.p. e 0,09 p.p., respectivamente. Artigos de residência (-0,27%), que teve alta de 0,11% em fevereiro, foi o único grupo pesquisado a registrar queda este mês.