Política

Arcabouço fiscal vai limitar bônus para investimentos

A regra geral já divulgada prevê um piso para investimentos, que começará em R$ 75 bilhões e será reajustado anualmente pela inflação

O governo decidiu ajustar proposta de arcabouço fiscal para evitar que saltos de arrecadação gerem níveis insustentáveis de investimentos públicos, além de assegurar que o crescimento do gasto seja amparado apenas por receitas recorrentes, evitando distorções geradas por ganhos extraordinários, disse o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.

“Quando se fala em limitar o investimento, ainda sim você terá um bônus importante se você tiver uma boa performance (fiscal). Nós criamos um mecanismo equilibrado”, afirmou o secretário em entrevista à Reuters.

A regra geral já divulgada prevê um piso para investimentos, que começará em R$ 75 bilhões e será reajustado anualmente pela inflação. O governo poderá ampliar essa cifra se for compatível com o cumprimento de suas metas.

O arcabouço também estabelece um bônus para ser aplicado em obras públicas nas situações em que o governo superar o teto da meta fiscal. Mas, pela nova formulação, se essa boa performance ocorrer, haverá um limite máximo para o desembolso adicional em investimentos.

A limitação será equivalente a um terço do piso estabelecido para esses desembolsos, o que representaria aproximadamente 25 bilhões de reais, disse o secretário.

O restante dessa sobra de verba, se houver, poderá ser usada para outras finalidades, como abatimento da dívida pública ou pagamentos extraordinários de precatórios, acrescentou.

Tebet diz que marco fiscal só irá ao Congresso na próxima semana

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmou nesta terça-feira (11) que a proposta de lei complementar do novo arcabouço fiscal só será enviada ao Congresso na próxima semana, após o envio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024 na próxima sexta-feira (14).

De acordo com Tebet, as últimas mudanças não foram fechadas a tempo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), assinarem o texto antes de viajarem à China.

“Os técnicos do Planejamento e da Fazenda ainda fazem os últimos ajustes redacionais na proposta de arcabouço e não deu tempo de Lula e Haddad assinarem. Por isso o arcabouço e o PLDO não chegam juntos ao Congresso”, revelou.

Segundo Tebet, as últimas mudanças no texto do arcabouço fiscal ocorrem a pedido da própria Secretaria de Orçamento Federal (SOF). “Não foram pedidos do que vocês chamam de núcleo político, ou da Casa Civil. Foram pedidos nossos. São quatro ou cinco ajustes e todas as sugestões foram acatadas pelos demais ministérios”, disse.