O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (30) que, para cumprir a meta de inflação de 2023, a taxa Selic deveria ser de 26,5% ao ano. Ele afirmou, no entanto, que seria “impossível” elevar os juros neste patamar.
“Se a gente quisesse atingir a meta em 2023, a última informação que tive é que a taxa teria que ser 26,5%. É óbvio que a gente entende que isso é impossível”, declarou em coletiva de imprensa sobre o relatório trimestral de inflação.
Sob forte pressão para reduzir os juros que atualmente estão em 13,5%, Campos Neto reforçou que as decisões do Banco Central são técnicas, sendo norteadas, basicamente, pela inflação corrente, hiato do produto e expectativa de inflação à frente.
Ele também comentou sobre as críticas recebidas após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). “De repente, a gente começa a ver uma politização do que é uma linguagem muito técnica”, disse.
Impacto do arcabouço ainda será avaliado, diz BC
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o novo arcabouço fiscal, apresentado nesta quinta-feira (30) pelo Ministério da Fazenda, não afeta diretamente a política monetária do país, mas pode alterar as expectativas de mercado, fator que impacta a decisão do BC sobre os juros.
Questionado sobre o novo arcabouço, Campos Neto disse que o Banco Central ainda não teve acesso a todos os parâmetros da medida, mas que vai analisar o que foi anunciado. “O importante para a gente é como incorporar isso nas nossas projeções. Não fazemos [política] fiscal, não é um trabalho do BC. Incorporamos o fiscal nas nossas expectativas, na função e reação que o BC tem. Lembrando que temos um regime que se baseia em câmbio flutuante, em um sistema de meta e que tem âncora fiscal”, explicou.