Após ter seu primeiro trimestre de resultados positivos, em 2022, o Nubank (NUBR33) divulga seus resultados referentes ao quarto trimestre do ano passado, nesta terça-feira (14), depois do fechamento do mercado. De acordo com especialistas, o resultado pode ser o melhor do neobanco, desde sua abertura de capital.
Segundo Lucas Bohn, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, o balanço do quarto trimestre de 2022 do Nubank deve ser “extremamente positivo”.
“Alguns bancos, como é o caso do próprio BTG Pactual, entende que esse será o melhor balanço do ano para a empresa, então o quarto trimestre de 2022 deve ser extremamente positivo, acompanhado de um forte crescimento na base de clientes e da monetização da sua base”, disse Bohn.
Já a sócia e analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes, acredita que o Nubank deve ter um crescimento forte de receita média por cliente, que estava na casa dos US$ 8.
“A gente já deve ver algo como quase o dobro dos US$ 8 na receita média por cliente, algo que o Nubank tem conseguido entregar”, disse Lopes.
Diferente de Bohn, Lopes acredita que o lucro do neobanco no 4T22 deve ser “meio tímido”.
“Eu acho que eles devem ter algum lucro simbólico, igual no trimestre passado [3º trimestre], que foi coisa de US$ 8 milhões, então a receita deve crescer forte, lucro ainda bastante tímido, receita média por cliente eu imagino um bom crescimento também”, disse a analista da Nord Research.
Segundo a especialista, a adição de clientes é algo que o Nubank faz muito bem, então o mercado tem, por consenso, que os números devem vir forte neste quesito. Além disso, Lopes afirmou que o custo de aquisição de clientes seguirá estável ou com um crescimento baixo, porque faz parte do ‘business’ do neobanco.
Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, como ponto positivo, é esperado um ganho de spread, já que a companhia tem reduzido custo de captação na NuConta (que passou a ser remunerada só depois de 30 dias) e os empréstimos foram reprecificados para taxas mais altas.
A parte vermelha do balanço do Nubank
No terceiro trimestre de 2022, o Nubank apresentou lucro líquido de US$ 7,8 milhões, revertendo o prejuízo líquido de US$ 34,4 milhões do 3T21.
O resultado foi marcado pelo equilíbrio apresentado entre receitas e despesas, que era um desafio para o banco desde o IPO.
Segundo Guilherme Zanin, analista da Avenue, o banco terá, no quarto trimestre, o desafio da deterioração de crédito.
“O grande destaque da fintech é uma grande exposição ao varejo tradicional e, com o aumento da taxa de juros, eles tendem a ter uma remuneração maior, o que é positivo, mas também caso tenha algum problema econômico, obviamente esse geralmente é o primeiro público a ser afetado”, disse Zanin.
“Então pode ser que tenha um aumento de inadimplência e o banco veja isso, veja o maior ganho com empréstimo, contudo também um aumento maior de inadimplência”, complementou o especialista da Avenue.
A especialista da Empiricus, Larissa Quaresma, reitera o alerta sobre a possibilidade de uma inadimplência alta, que pode afetar o balanço do banco.
“A inadimplência deve continuar a ser, mais uma vez, um peso grande no resultado, dado o perfil do cliente do Nubank e os calotes ainda crescendo na pessoa física, principal público da companhia. Importante falar que essa deterioração vem sendo suavizada pela nova metodologia de medição de inadimplência, que a companhia adotou no meio do ano passado”, disse Quaresma.
No terceiro trimestre de 2022, o lucro do Nubank refletiu, segundo o neobanco, “o crescimento contínuo do número de clientes ativos e o aumento do engajamento de clientes, com impacto na expansão da receita, com o aumento da margem bruta e a maior diluição de custos, alavancando nossa plataforma de baixo custo.”
Segundo Zanin, da Avenue, esse deve ser um dos desafios do neobanco – angariar clientes para crescer sua base e diversificar suas receitas.
“A gente tem que analisar a quantidade de contas que o Nubank vai abrir, dado esse cenário mais incerto. Temos que ver se a fintech continua a crescer a sua base de usuários ou não, porque isso acaba se tornando um ativo no futuro, uma forma de remunerar a carteira. Se os bancos conseguem diversificar receitas, ter outras fontes, como por exemplo a própria corretora, NuInvest, ou consórcio, se eles conseguem entrar no mercado de pessoa jurídica, eles diversificam a base e ficam menos dependentes de um único produto”, afirmou Zanin.