Rafael Ferri teve sua saída comunicada pelo TC (TRAD3) na quinta-feira (9), mas ela ainda não ocorreu totalmente, segundo o “Valor”. Dividida em duas fases, a primeira é o fim da prestação de serviço à empresa, que contava com Ferri na comunicação de marca e estratégias de investimentos, além de também colaborar com opiniões políticas.
A segunda fase é a desvinculação acionária, mas essa ainda depende de um comprador, uma vez que o TC não vai usar caixa para dar saída a Rafael Ferri, seu sócio.
Ferri tem 26,74% do TC, a mesma posição de Pedro Albuquerque, CEO da plataforma. Os dois são fundadores da companhia, que nasceu como uma espécie de rede social de investidores e foi agregando serviços e produtos relacionados a finanças pessoais.
No acordo entre os acionistas da empresa, havia uma previsão de venda das ações de Ferri cinco anos após a listagem, que ocorreu em 2021, caso não houvesse decisão judicial favorável, nesse prazo, sobre duas apelações em acusações de manipulação de mercado e insider trading.
Esses recursos se referem a decisões da CVM, que depois envolveram Ministério Público, proibindo o investidor de operar no mercado de capitais por cinco anos. A venda também poderia acontecer antes disso, caso o investidor perdesse na Justiça.
Ferri afirmou, ao “Pipeline”, que não houve decisão sobre elas e sua saída não tem correlação com o assunto. As apelações estão em segredo de justiça, o que levou executivos da concorrência a vincularem o processo à saída do sócio do TC.
O futuro ex-sócio afirma que não se desentendeu com o conselho ou com seus sócios, mas que sua decisão está relacionada à intensidade do mercado financeiro e a seus planos de carreira.
Ele ainda avalia que sua saída pode ser positiva para a companhia. “Trabalho desde os 15 anos, estou há 10 anos sem tirar férias e é uma exposição pública grande, que desgasta. Dou muita opinião, e não se pode dar muita opinião”, afirmou.
Apesar da saída de um dos seus fundadores, os papéis do TC avançam. Por volta das 11h10 (horário de Brasília), as ações subiam 2,16%, a R$ 1,42.
Ferri quer seguir na política após saída do TC
Apesar de falar que não se pode dar muita opinião, Ferri deixa claro querer seguir no campo político. Nos últimos anos, se aproximou de diversos políticos – no Catar, durante a Copa, foi visto em alguns eventos acompanhando Arthur Lira, presidente da Câmara.
“É verdade que me aproximei de muitos políticos relevantes e tenho convites nessa área. Como diz o Salim Mattar, que é muito propositivo, se você quer mudança, você tem que agir”, diz Ferri, descartando uma atuação de bastidor.
Ferri já abriu conversas com investidores estratégicos que podem ter interesse na fatia acionária, mas nem ele e nem o TC comentam sobre. A companhia segue numa batalha de advogados com a Empiricus, sobre o tal vídeo da palhaça, e também tem sentido os efeitos dos juros altos no desinteresse dos investidores por ações.