O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador utilizado para calcular a inflação oficial do Brasil, fechou 2022 em alta de 5,79%. O número ficou acima da meta definida pelo governo pelo quarto ano consecutivo, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (10). Em dezembro, a inflação subiu 0,62%, acima da alta de 0,41% registrada em novembro.
A meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional era de 3,5% no ano passado, com teto de 5%. Apesar de ter estourado o teto da meta, a inflação ficou bem abaixo dos 10,06% de 2021.
Dos nove grupo de produtos e serviços que compõem o IPCA, sete tiveram alta no ano. Entre os destaques positivos, somente transportes e comunicação registraram deflação no ano.
O grupo de vestuário teve a maior alta de preços em 2022. A categoria teve altas superiores a 1% em 10 dos 12 meses. Já o grupo Habitação fechou o ano próximo da estabilidade.
O IBGE destacou, entretanto, que o maior impacto sobre a inflação em 2022 partiu do grupo de alimentação e bebidas, que respondeu por 2,41 pontos percentuais (p.p.) do indicador. O grupo de saúde e cuidados pessoais também pressionou o indicador econômico, com 1,42 pontos percentuais de impacto.
Alimentação pesou no bolso dos brasileiros em 2022
A alta de preços dos alimentos só ficou abaixo do resultado de vestuário, em 2022. Separando por subcategorias, a alimentação em domicílio teve alta de 13,23%, batendo o aumento de preços da alimentação fora do domicílio, que foi de 7,47%.
Entre a alta dos itens da categoria de alimentação no domicílio está a subida de preço da cebola, que registrou um aumento de 130,14% nos supermercados, sendo a maior alta entre os 377 produtos e serviços pesquisados para composição do IPCA.
A segunda maior pressão sobre a alimentação no domicílio partiu do leite longa vida, que registrou alta de 26,18%. Alimentos como batata-inglesa (+51,92%), frutas (+24%) e pão francês (+18%) também subiram consideravelmente em 2022.
De acordo com o analista de preços do IBGE, André Almeida, no caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas.
“Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%”, disse Almeida.