O novo governo, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já articula a aprovação de Jean-Paul Prates à presidência da Petrobras (PETR3;PETR4), dias após ser indicado. As conversas com os atuais conselheiros acontecem em paralelo à checagem dos documentos e do currículo de Prates pela área de conformidade da estatal, segundo o “Estado de S. Paulo”.
O objetivo é que Prates, cujo mandato no Senado termina neste ano, assuma o quanto antes o comando da estatal para só depois ser confirmado no cargo em caráter permanente por meio de uma assembleia geral extraordinária de acionistas (AGE). Capaz de reformar o conselho, a realização de uma AGE é mais demorada em função da checagem de mais nomes pela empresa e do rito de convocação, que envolve acionistas estrangeiros e exige intervalo de no mínimo 30 dias.
Para que Prates seja aprovado pelo Conselho de Administração, é necessária a maioria simples de votos. Como apurou a reportagem, o ex-senador já conta com votos de quatro conselheiros. Bastariam, portanto, mais duas posições favoráveis.
O “Broadcast”, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que os votos favoráveis de momento viriam da representante dos funcionários no conselho, Rosângela Buzanelli, e de três dos quatro conselheiros minoritários interessados em encerrar as incertezas do mercado sobre o futuro comando da empresa.
Buzanelli não respondeu à reportagem. Outros conselheiros disseram aguardar a checagem do nome pela companhia. Mas para estes, além do entendimento de que o controle da União vai se impor, pesaria o fato de Prates ser um nome técnico do setor de óleo e gás, o que a companhia não via há anos e, ao mesmo tempo, político moderado.
Rito burocrático para presidência da Petrobras exige avaliação
Mesmo com uma articulação política avançada em torno do nome de Prates, há uma burocracia interna na Petrobras a ser cumprida. Após o recebimento do nome pela Petrobras, o que ocorreu na última terça-feira (03), técnicos da área de conformidade começaram a elaborar relatórios, os chamados “background checks” de gestão e integridade, processo que pode levar de 5 a 20 dias.
Uma vez prontos, os documentos são enviados ao Conselho de Administração, onde são analisados por um subgrupo, o Comitê de Elegibilidade (Celeg), que têm oito dias prorrogáveis para emitir um parecer. Só então a indicação é apreciada em reunião com todos os membros do conselho da Petrobras.