O aumento de capital de R$ 78 milhões da Gafisa (GFAS3) foi suspenso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A decisão surgiu após agravo de instrumento da Esh Capital, acionista minoritário da incorporadora e que vem travando uma disputa judicial contra o empresário Nelson Tanure, maior acionista da construtora. As informações são do “Valor Econômico”.
Na decisão, o desembargador Azuma Nichi disse que a “fundamentação recursal é relevante, visto que existe controvérsia judicial acerca da legalidade da operação de emissão de novas ações da Gafisa”.
Nichi ainda relembrou que ocorrerá, em 9 de janeiro, uma assembleia que reunirá os acionistas da Gafisa. Na visão do magistrado, a reunião configura como uma oportunidade para se discutir sobre a necessidade do aumento de capital.
Nos últimos meses, a Esh Capital vem acusando os controladores da Gafisa de tomar medidas em benefício próprio.
“O aumento de capital homologado pelo conselho de administração tem potencial para promover uma diluição de aproximadamente 20% dos demais acionistas da companhia, incluindo o agravante (no caso, a Esh Capital)”, de acordo com a ação da companhia.
Em relato dado ao “Valor Econômico”, Henrique Blecher, presidente da Gafisa, afirmou que a decisão judicial o pegou de surpresa. De acordo com o executivo, a empresa irá recorrer e espera reverter a decisão em breve.
Gafisa (GFSA3) oficializou aumento de capital
A Gafisa (GFSA3) havia oficializado na noite de terça-feira (3) um aumento de capital em R$ 78,1 milhões, mais da metade do que foi indicado ao mercado no fim de novembro. A homologação deste aumento gerou um novo capítulo entre a incorporadora e a Esh Capital, que questiona o movimento.
A operação que custou R$ 5,89 por ação aos subscritores significava, na prática, uma diluição dos acionistas que não acompanharam o aumento de capital. Com esse aumento de capital, a Gafisa possuiria 51,1 milhões de ações em circulação, com capital social estimado em R$ 1,33 bilhão.
A Esh alegou que não participou da subscrição, diluindo sua participação acionária, que era de 15,1% na empresa.
“Ao promover o aumento de capital, a Gafisa atropelou a prerrogativa da AGE [assembleia geral extraordinária], marcada para 9 de janeiro, de deliberar sobre essa decisão. Obviamente, a administração da companhia tem interesses conflitantes e no mínimo deveria se declarar impedida de deliberar sobre isso”, escreveu a gestora, em nota.