*Por César Felix
2022 acabou e agora chegou o momento de planejar os investimentos para 2023. As criptomoedas estão mais presentes na nossa economia, mas muitas pessoas e empresas ainda têm dúvidas sobre o mercado cripto.
Para investir conscientemente e aumentando as chances de ganhos e de sucesso no mundo dos criptoativos em 2023 é necessário ter uma reflexão sobre 2022 e o que mais importante aconteceu no último ano, analisando diversos aspectos, como tendências econômicas e políticas.
2022, o ano das baixas
2022 foi repleto de muitas reviravoltas no mercado. A Guerra da Ucrânia tem afetado muito a confiança dos investidores no mundo todo. Além disso, o aumento da taxa de juros pelo FED, o banco central dos EUA, o aumento da inflação e a retração da economia global afetaram muito o mercado de criptoativos e, é claro, as próprias criptomoedas. Um exemplo claro disso foi a volatilidade do preço do Bitcoin, dentre outras. No Brasil, especificamente, tivemos as eleições presidenciais e os seus desdobramentos.
Além disso, o ano terminou com a quebra da FTX, impactando ainda mais o mercado. Essa volatilidade, apesar de ter sido negativa, também trouxe oportunidades de bons negócios e ganhos para os traders e nos faz refletir que é preciso estar sempre atento às tendências macroeconômicas, sociais e políticas que afetam a rotina do trade.
Sete tendências para 2023
Regulamentação: com a regulamentação dos criptoativos aprovada no congresso e sancionado pelo presidente em dezembro, o Brasil caminha para ter uma estrutura sólida em relação à segurança jurídica do mercado. Embora o projeto tenha deixado alguns pontos importantes fora do texto aprovado, a regulamentação é um marco importantíssimo para a criptoeconomia brasileira.
A legislação tem o objetivo de regulamentar os serviços e prevenir a lavagem de dinheiro envolvendo criptoativos. Com a nova lei ficará muito mais difícil para players pouco profissionais crescerem no mercado e com certeza não veremos mais casos famosos envolvendo esquemas de pirâmides financeiras milionárias.
A regulamentação deixará o mercado mais atrativo aos investidores, consequentemente trazendo a criação de novos empregos e o desenvolvimento de novas tecnologias no setor.
CBDC e Real Digital: em 2022 vimos uma crescente nos mercados mundiais e esse movimento está chegando no Brasil com o CBDC, sigla para Central Bank Digital Currency.
O Banco Central anunciou para 2024 o lançamento do Real Digital, a versão digital da nossa moeda tradicional, porém, um teste deverá ser lançado ainda em 2023. Como ela é uma moeda de circulação, será regulada pelo BACEN, a autoridade monetária brasileira, o que a torna centralizada, divergindo de todas as criptomoedas disponíveis atualmente no mercado brasileiro.
Outra importante diferença do projeto é que o CBDC é tratado como uma moeda do dia a dia e não como um ativo. Por exemplo: com ele será possível pagar uma conta de água, luz, telefone de forma rápida, bem semelhante ao PIX.
Essa é uma tendência mundial para os próximos anos, países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Suécia já anunciaram a criação de suas moedas e outras grandes potências como Japão e Reino Unido estão em fase avançada de estudo para o lançamento das suas.
NFTs: em 2022, os NFTs não tiveram o crescimento esperado que havia sido projetado pelo mercado. Porém, para 2023 é previsto que os tokens não fungíveis se encaixem no modelo de negócios de empresas tradicionais, como aconteceu na Copa do Mundo de 2022, onde foram utilizados para a venda de produtos exclusivos da competição.
Outro ponto importante é que os NFTs vão desafiar alguns modelos de negócios tradicionais, descentralizando a economia de companhias já consolidadas no mercado, por exemplo, empresas de jogos eletrônicos tem a tendência de aderir a essa tecnologia, seja vendendo customizações para os personagens nos jogos por NFT ou até mesmo explorando as possibilidades infinitas do metaverso.
O grande diferencial do NFT é que ele carrega um valor, não fica restrito a uma plataforma específica, ou seja, quem adquire um NFT tem um produto único com um valor agregado que pode ser explorado.
Web3: A Web3 ou Web 3.0 é uma nova fase da internet, nela os usuários têm o controle total de suas atividades online, dando mais privacidade e liberdade às pessoas. Antes os dados ficavam armazenados nas big techs do setor, e nesse momento a proposta é a descentralização dos serviços de internet tradicionais, que vão desde conversas até transações financeiras.
Para 2023 é esperada uma maior adoção dos tokens operacionais dentro da Web3, eles funcionam com as informações necessárias para realizar operações financeiras que antes eram realizadas da forma tradicional, geralmente mais lenta e burocrática.
Além disso, a previsão do total de jogadores mensais na Web3 tem grandes expectativas de aumento à medida que vários jogos triple-A chegam ao mercado. O mercado total endereçável (TAM) em jogos tradicionais é enorme, com US $300 bilhões e 3,2 bilhões de pessoas em todo o mundo. O jogo é uma atividade nativa digital e os itens do jogo (também conhecidos como ativos digitais) já estão sendo comprados e usados por centenas de milhões de jogadores em todo o mundo.
Em todo o setor, as empresas de jogos têm contratado especialistas em blockchain, NFT e criptografia enquanto buscam a próxima evolução nos jogos. Com jogos blockchain e plataformas metaversas a caminho de atrair US$9 bilhões em investimentos de capital de risco este ano, as chances de um grande sucesso em 2023 são enormes.
DAO: Uma DAO ou Organização Autônoma Descentralizada, são organizações que funcionam de forma descentralizada, permitindo um gerenciamento sem hierarquia e burocracias. Em 2023 é aguardado que mais DAOs sejam criadas, já elas têm uma grande importância na critoeconomia, considerando que seus pontos principais foram a base da criação do Bitcoin.
As DAOS permitem a criação de contratos inteligentes em uma Blockchain, garantindo a segurança em todas as etapas. Acredito que por serem organizações de código aberto e que trabalham de forma transparente, em 2023 elas têm tudo para se popularizarem no mercado cripto.
Bitcoin
O Bitcoin passou por muitas oscilações, mas não perdeu seu posto de moeda mais importante. É verdade que o ativo enfrentou algumas quedas durante o ano passado, mas anteriormente, em período de baixa, o Bitcoin chegava ao valor aproximado de doze mil reais, quando hoje o ativo mesmo em queda contínua em média na casa dos 90 mil reais.
A economia passa por um momento de instabilidade no geral, mas a quebra de algumas empresas e o aumento da taxa de juros não mudam o fato que a criptoeconomia já está consolidada e que o BTC vai continuar sendo importante para os traders com um caminho muito promissor.
Além disso, existe uma grande probabilidade de que a guerra na Ucrânia continue durante 2023. Com isso, muito capital do continente europeu seria enviado para os Estados Unidos. E se o Euro cair abaixo da paridade com o Dólar, como já aconteceu antes em 2022, é bem provável que muitos europeus vão ver o Bitcoin como uma boa opção de investimento.
Ethereum
O Ethereum passou em 2022 pela maior atualização da história dos criptoativos e o “The Merge” abriu caminho para o aumento das transações na moeda. Em 2023, ela vai continuar nesse caminho com novas atualizações que vão atrair ainda mais investidores.
2023 será um ano muito importante para o mercado cripto no Brasil. Os traders terão mais opções de investimentos e, com um mercado regulado, os criptoativos irão se tornar cada vez mais parte do nosso dia a dia. Porém, para que isso ocorra, os investidores precisam realizar seus investimentos de forma consciente, estratégica e baseada nas tendências políticas, econômicas e sanitárias que afetarão o mercado durante todo o ano.
*César Felix é gerente de Customer Experience da NovaDAX uma das maiores exchanges brasileiras que oferece serviços relacionados a criptoativos de alta liquidez, taxas baixas e alta proteção para os seus mais de 1.1 milhão de clientes.