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Para executivo da Blackrock, onda de expansões fiscais preocupam

Segundo Philipp Hildebrand, bancos centrais precisam se atentar ao cenário de inflação e juros no médio prazo

O vice-chairman da Blackrock, Philipp Hildebrand, afirmou que o tom de alguns governos globais, que mostram apetite por uma política fiscal expansionista, com aumento dos gastos públicos, é preocupante para a economia na atual conjuntura. A fala foi dita durante o evento Macro Vision 2022, realizado pelo Itaú Unibanco nesta quinta-feira (8). 

“Acho que as expansões fiscais são muito preocupantes, principalmente em países em desenvolvimento. Os BCs têm um papel de criar ‘mais danos’ para recalibrar a inflação. Com isso, eu acho que é provável que tenhamos um período de baixo crescimento e uma retração, porque há um risco de expectativas de mais inflação”, disse Hildebrand. 

O executivo da Blackrock destacou que os bancos centrais precisam se atentar ao cenário de inflação e juros no médio prazo, para que não deixem as coisas saírem do controle. 

“O que temos agora é um mundo onde não podemos ter inflação e deixar as coisas correrem naturalmente”, disse Hildebrand. 

Hildebrand alertou que quanto mais houver inflação acima das metas, maiores serão os riscos em ativos e ações dos principais mercados de capitais do mundo. 

“Quando analisamos o mundo com crescimento baixo, os ativos podem sofrer danos por causa da conjuntura mundial. Isso pode durar alguns anos, mesmo se a inflação começar a diminuir. Acho que há uma grande probabilidade de que os riscos de inflação ocorram por algum tempo, taxas mais altas por um período maior de tempo” destacou Hildebrand. 

O grande risco, segundo o vice-chairman da Blackrock, é que se houver um aperto muito excessivo, maior do que os economistas preveem, o longo prazo pode ser afetado, com a instabilidade de inflação alterando os rumos da economia, que já estão incertos. 

“Temos um caminho estreito. Se falhar, a inflação pode sair de controle, e aí sim ter um grande problema, com uma dívida soberana muito grande para o mundo todo, até para os países emergentes”, pontuou Hildebrand. 

Ainda durante o painel “A economia global: cenários e temas de investimentos”, Robin Brooks, do Institute of International Finance, destacou que é preciso “manter as taxas de juros sustentáveis”. 

“Tem uma série de coisas por trás da cena desse enorme horizonte de médio prazo, mas no contexto geral o Brasil está bem ok. O PIB vai diminuir, vai haver um colapso maior nos EUA, a Zona do Euro vai ter um PIB menor e teremos um crescimento pequeno”, disse Brooks.

Neste ambiente, segundo Brooks, os BCs devem ser cautelosos e não tão rígidos ao realizar aperto monetário. “Não acho que devemos realizar um aperto monetário de forma agressiva, porque vai piorar a situação”, disse o economista.