Americanas (AMER3): Goldman Sachs rebaixa ações após Black Friday

Além da Americanas, banco cortou recomendação de Magalu

O Goldman Sachs cortou suas estimativas para o e-commerce brasileiro, após resultados do terceiro trimestre e da Black Friday. Com isso, o banco rebaixou a Americanas (AMER3) de neutro para venda e Magazine Luiza (MGLU3) de compra para neutro.

Sobre a Via (VIIA3), o Goldman Sachs manteve a recomendação de venda. 

Para a Americanas, a recomendação foi reduzida na espera de que a visibilidade sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) e o crescimento de lucros permaneça limitado nos próximos doze meses. O preço-alvo para AMER3 é de R$ 10.

“Estamos abaixo do consenso da Bloomberg em nossas projeções sobre os lucros esperados para 2023 e 2024 e acreditamos que um novo rebaixamento nas estimativas futuras pode pesar no preço das ações”, apontaram os analistas, que também disseram que a Americanas está sobrecarregada por uma alavancagem financeira relativamente elevada. A companhia tem uma dívida líquida sobre o Ebitda de 3,9 vezes e despesas financeiras líquidas representando 61% do Ebitda nos últimos 10 meses.

Além disso, a intensa concorrência no espaço online e a necessidade de reinvestir em sua rede de lojas físicas limitam, na visão do banco, o espaço para expansão de margem e melhor geração de caixa. “E, embora reconheçamos que a integração operacional total de seus negócios offline e online faça sentido, acreditamos que a integração dos principais sistemas de tecnologia da informação pode criar riscos para 2023”, apontaram.

Os analistas também destacaram que as ações da Americanas caíram mais de 60% no ano, com crescimento e geração de caixa decepcionantes, levando a maior parte do baixo desempenho. 

Ainda, o novo CEO da Americanas, Sergio Rial, assume a liderança da empresa a partir de janeiro de 2023. Com isso, os analistas reconheceram que os anúncios sobre a reestruturação corporativa podem incutir um novo senso de otimismo nos investidores, e isso pode representar um risco positivo. 

No entanto, o banco acredita que os resultados podem levar tempo, pois a nova liderança precisará atuar em várias frentes diferentes, desde a diferenciação de sua oferta no espaço online, atualizando a experiência in-store de suas lojas off-line e integrando as aquisições recentes.

Além de Americanas: projeções para Magalu

Os analistas cortaram a recomendação para Magalu até que a empresa encontre um novo equilíbrio entre crescimento e rentabilidade. O preço-alvo para os ativos é de R$ 3,80.

O banco também destacou que, desde que adicionou as ações da Magazine Luiza à lista de ativos para comprar das Américas, no dia 19 de novembro de 2019, MGLU3 já caiu 70%, enquanto o Ibovespa teve alta de 2% do Ibovespa.  

“Estimamos que o Magalu perdeu cerca de 75 pontos-base do mercado de comércio eletrônico do Brasil em 2022 (ou cerca de 230 pontos-base excluindo o efeito positivo da consolidação da KabuM!)”, apontaram os analistas em relatório.

Nova concorrência pode estar surgindo

O Goldman Sachs apontou ter uma preferência relativa para Magalu frente Americanas, pois vê espaço para a companhia compensar os ventos contrários e as necessidades de investimento de sua operação online com um desempenho melhor em suas lojas físicas.

Para a Americanas, o relatório reconheceu que sua principal operação de lojas tende a ser altamente geradora de caixa. No entanto, os analistas acreditam que a operação precisará passar por um ciclo de capex [investimentos em capital] mais pesado para reformas para manter sua competitividade após anos de subinvestimento.

Sobre o cenário, o Goldman Sachs apontou que, durante muitos anos, a concorrência foi relativamente limitada, permitindo à Americanas defender a sua fatia de mercado, mantendo a manutenção/remodelação ao mínimo. No entanto, com a Oxxo (da Femsa) ganhando escala rapidamente, uma nova concorrência está surgindo. 

“Além disso, parte do mix de lojas pode ter migrado para o online mais rápido do que o inicialmente previsto, especialmente em eletrônicos (cerca de 25% do mix), mas também em certa medida em roupas básicas e brinquedos”, apontaram os analistas.

Entre as varejistas brasileiras, os analistas do Goldman recomendaram nomes mais defensivos, como as de alimentos Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3), além de Lojas Renner (LREN3), RD (ex-Raia Drogasil RADL3), Arezzo (ARZZ3), a dona da Centauro SBF (SBFG3) e a Petz (PETZ3), todas com recomendação de compra.

Por volta das 13h (de Brasília), as ações da Americanas (AMER3) subiam 1,63%, enquanto a Magazine Luiza (MGLU3) ganhava 6,45%.