Os economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, que apoiaram a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o segundo turno das eleições, endereçaram uma carta ao presidente eleito, alertando o petista sobre os riscos fiscais.
De acordo com a carta, com o título “Vai cair a Bolsa? Aumentar o dólar? Paciência?” (em alusão a fala de Lula na COP27), os economistas concordam com as preocupações e problemas sociais trazidos por Lula, mas destacam que a falta de responsabilidade fiscal pode afetar ainda mais os mais pobres.
“É preciso que não nos esqueçamos que dólar alto significa certo arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque. Sabemos disso há décadas. Os sindicatos sabem”, escreveram os economistas na carta ao presidente Lula.
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Arminio, Bacha e Malan dizem, também, que a alta do dólar e a queda da bolsa de valores não são produto da cação de “especuladores mal intencionados”. Além disso, destacam que o teto de gastos “não tira dinheiro da educação, da saúde, da cultura, para pagar juros a banqueiros gananciosos”.
Lula questiona teto e diz que “vai subir dólar e cair bolsa”
Em discurso realizado na última quinta-feira, durante um encontro com representantes da sociedade civil na Conferência COP27, no Egito, Lula defendeu, mais uma vez, o fim do teto de gastos e mexeu com o humor dos investidores.
“Temos de fazer um país mais humano. Se não resolvermos a situação social, não vale a pena governar o país. Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência”, disse Lula.
“O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social”, acrescentou Lula.