A PEC da Transição,apresentada pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), corresponde a um crescimento da despesa em mais de R$ 200 bilhões. De acordo com a XP Investimentos (XPBR31), caso o projeto seja aprovado, a dívida brasileira pode subir até 17 pontos percentuais em 2026. Além disso, a casa estipula que o déficit público deve crescer a 2,6% do PIB de 2023.
Segundo a corretora, se o Banco Central brasileiro mantiver as taxas de juros inalteradas, o impacto da PEC da Transição será ainda maior. A elevação dos gastos públicos deve afetar a inflação, fazendo com que o BC acabe sendo obrigado a manter as taxas de juros inalteradas nos próximos anos, gerando uma trajetória ainda mais inclinada para o crescimento da dívida pública.
Para a XP, a criação de uma nova âncora fiscal é fundamental para bancar a PEC das Transição. A casa enxerga que é preciso existir uma regra que permita a sustentabilidade fiscal do País. Sem isso, a instituição financeira avalia que as condições financeiras tendem a se deteriorar no futuro próximo, com elevação do custo da dívida pública, dos juros e depreciação do real.
Lula: “vai subir dólar e cair bolsa, paciência”
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, mais uma vez, o fim do teto de gastos, nesta quinta-feira (17). Dessa vez, a fala do petista foi durante um encontro com representantes da sociedade civil na Conferência COP27, no Egito.
“Temos de fazer um país mais humano. Se não resolvermos a situação social, não vale a pena governar o país. Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência”, disse Lula.
“O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social”, acrescentou o vencedor da corrida presidencial de 2022.
O presidente eleito também aproveitou o momento para tratar sobre temas ligados a ONU. Lula defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de mais países, como a África. Além disso, Lula citou a possibilidade de mudança no direito de veto.
“A ONU precisa mudar, não precisa ficar só com os países que ganharam a Segunda Guerra Mundial”, frisou. Para o presidente eleito, é preciso de uma ONU forte para “lidar com a questão do clima como precisamos”, afirmou.