O mercado não tinha grandes expectativas em relação aos resultados das varejistas no terceiro trimestre, dado o cenário macroeconômico desafiador para o setor. A espera maior estava relacionada a uma pequena melhora na geração de caixa e na margem ebitda dessas empresas. Para especialistas consultados pelo BP Money, entre Via (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3), a que teve o resultado mais positivo – na medida do possível – foi o Magalu.
De acordo com Rodrigo Fraga, analista da Guide Investimentos, o setor de varejo passa por um momento delicado, já que o cenário desenhado durante a pandemia – de um crescimento acelerado nas operações digitais – passou e agora as companhias veem uma normalização das linhas de e-commerce, o que impacta diretamente os resultados.
“Dentre os resultados apresentados pelas varejistas de e-commerce no período, achamos que o melhor foi o de Magazine Luiza. Justamente pelo fato de o Magazine Luiza ter defendido um crescimento de vendas na comparação anual (ainda que pequeno) e ter apresentado um ganho de margem que enxergamos esse resultado como o mais equilibrado do segmento”, disse Fraga.
Fraga destacou que a geração de caixa e o capital de giro mais controlado são pontos que também jogam a favor do Magalu.
“Via e Americanas tiveram resultados piores, com perda de vendas no canal online, ainda que as margens tenham se mantido estáveis ou com recuos pontuais. Via e Americanas também tiveram piora na estrutura de capital e não estão conseguindo gerar caixa operacional, um ponto de atenção para o curto/médio prazo”, disse o analista da Guide.
O analista Flavio Conde, da Levante, afirmou que os resultados das varejistas no terceiro trimestre de 2022 mostra que o varejo continua sofrendo e a parte principal é margem.
“Os produtos que elas vendem subiram de preço, principalmente eletrodomésticos, e elas não estão conseguindo recuperar de maneira consistente as margens e quando melhoram é insuficiente”, disse Conde.
O analista também pontuou que Magalu foi, dentre as varejistas, a que teve o “melhor resultado”.
“Magalu teve um resultado um pouco acima, de vendas e Ebitda, do que no segundo trimestre, mostrando quase nenhuma evolução. O prejuízo piorou um pouco e de certa forma decepcionou, porque se esperava algo melhor e por isso as ações estão caindo”, afirmou o analista da Levante.
Conde explicou que o resultado de Via já era esperado pelo mercado – apesar de uma pequena expectativa de melhora que circulava pelo mercado.
“A gente esperava um pouco melhor a Via e não veio esse um pouco melhor. O destaque negativo foi Americanas. No caso de Americanas, a piora foi acima do esperado e tudo isso mostra que o setor ainda está longe da recuperação e por isso as ações caem”, disse Conde.
O analista da Levante reiterou ainda que “as ações estão onde deveriam estar”. “Quando subiram demais estavam claramente exageradas”, afirmou Conde.
XP tem recomendação neutra para Magazine Luiza
O “destaque” entre os resultados das varejistas do terceiro trimestre de 2022 segue com recomendação neutra e preço-alvo de R$4,50/ação para o final de 2023, segundo a XP.
“Apesar de acreditarmos que ainda há bastante espaço para a companhia crescer, enxergamos um cenário de curto-médio prazo desafiador devido a deterioração macroeconômica, que tende a reduzir a renda disponível, impactando a demanda por bens duráveis e ambiente competitivo agressivo, com forte expansão de competidores estrangeiros, como Alibaba, Shopee e Amazon, o que tende a impactar o crescimento e rentabilidade das plataformas de e-commerce locais”, informou a XP em relatório.
A XP destaca, contudo, que valoriza a estratégia de longo prazo do Magalu (concorrente direta de Via e Americanas) com foco na digitalização do varejo brasileiro, construção de um ecossistema focado em seu SuperApp e utilização das lojas como “agências”, onde sellers e vendedores poderão coletar e entregar itens para serem enviados.