Apesar de ter prometido, nos últimos meses, que os próximos balanços apresentariam uma virada em relação aos números divulgados recentemente, a Oi (OIBR3) reportou um prejuízo de R$ 3 bilhões. O valor representa uma queda de 36,3% frente ao mesmo período de 2021, mas analistas ainda veem os resultados como “fracos” e enxergam desafios para a empresa, que sofre com a queima de caixa e uma grande dívida líquida.
Para Fabiano Vaz, analista da Nord Research, as perspectivas para a empresa ainda são desafiadoras, já que, além da empresa estar focada em um novo negócio, o cenário macroeconômico não é favorável à Oi.
“As perspectivas ainda são difíceis, a Oi tem um endividamento muito alto, dificuldade de geração de caixa e um cenário de juros altos por muito tempo, o que não é positivo. A gente vai ver a empresa sofrendo ainda mais um pouco e também tem essa dificuldade da recuperação judicial, que está atrasada, mas não depende deles. Isso poderia dar um alívio para as ações, que estão sofrendo e com o mercado ruim também”, disse Vaz.
O analista da Nord destacou que os resultados da Oi ficaram abaixo do consenso de mercado, mas reiterou que as vendas da Oi Móvel e da V.Tal prejudicam a comparação com os resultados anteriores.
“A gente viu a queda da receita, a queda do Ebitda e a empresa perdendo margem também. O negócio da Oi Móvel tinha margens melhores do que é o negócio da empresa hoje e isso acaba pesando”, disse Vaz.
“No final das contas, a venda da Oi Móvel e da V.Tal ainda prejudica a comparação, fica difícil. Hoje, a Oi é basicamente uma empresa bem diferente do que era alguns meses atrás ou no ano passado”, complementou o analista da Nord.
Vaz ainda afirmou que, pelo lado operacional, a empresa apresentou destaques importantes e positivos. “A Oi continua crescendo o número de casas conectadas, a receita da fibra óptica por si só já atingiu R$ 1 bilhão, o que é muito bom”, disse o analista.
A receita de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre de 2022 representa uma alta de 30,8% frente ao mesmo período do ano anterior. A Oi reportou que atingiu o número de 3,8 milhões de casas conectadas com fibra. A tele registrou uma receita média por usuário de R$ 93, alta de 4,8% na comparação ano a ano.
Para Luan Alves, analista chefe da VG Research, o faturamento da Oi foi impulsionado pela infraestrutura de fibra da companhia, que passou a fazer parte do balanço.
“Os resultados da Oi foram fracos mais uma vez. As receitas operacionais cresceram 10% em bases anuais. A infraestrutura de fibra fornecida à V.tal passou a ser reconhecida na receita da Oi, o que impulsionou o faturamento. Se desconsiderarmos esse evento, o faturamento ficou praticamente estável em bases anuais”, disse Alves.
“A receita média por usuário da Oi também apresentou um leve crescimento, de 4,8% na comparação anual, o que vemos como positivo, e de R$ 93, 50 por cliente. Do lado negativo, a dívida líquida fechou o trimestre em R$ 18,3 bilhões, impactada novamente pela forte queima de caixa da empresa [cerca de R$ 1,4 bilhão]”, complementou Alves.