Na B3, Lula deve impactar positivamente três setores específicos

Estatais podem sofrer mais com desvalorização no governo Lula

Com 50,9% dos votos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu Jair Bolsonaro (PL) na disputa direta pelo cargo de presidente da República, no último domingo (30). O mercado deve reagir, nesta semana, ao resultado das eleições presidenciais. Especialistas esperam volatilidade durante a semana e aguardam o anúncio de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda. Existem, entretanto, três setores da bolsa que estão propensos a se destacarem na gestão Lula. São eles: educação, construção civil de baixa renda e o varejo.

Para Flavio Conde, analista da Levante, educação e construção civil são os dois setores que podem ter um impacto positivo maior com Lula no poder. 

“O Lula criou o FIES e o Prouni, e prometeu que vai reforçar e retomar esses programas estudantis. Fies e Prouni permitem que vários estudantes de baixa renda, que não tem recurso para fazer faculdade, voltem aos estudos. Essas empresas, como o grupo Cogna, que na época era Kroton, chegaram a receber, em um ano, R$ 2 bilhões de FIES, então esses programas fazem uma diferença muito grande para esses grupos”, explicou Conde. 

A visão do analista é que o aumento de subsídios para impulsionar o ingresso de alunos no ensino superior privado se traduzirá em mais receita para os conglomerados do setor de educação.  

O analista da Levante também destacou que MRV, Direcional e Tenda podem melhorar seus desempenhos na bolsa de valores, com o governo Lula confirmado para o início de 2023. Isso porque o petista voltaria a concentrar esforços em programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida.

“Um outro grupo que não subiu muito durante o governo Bolsonaro e deve ser favorecido com Lula é o setor de construção civil de baixa renda”, disse Conde.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, cita o setor de varejo como um possível beneficiado do governo Lula. Isso aconteceria, em tese, porque Lula promoveria mais crédito para a população. 

“Qualquer setor relacionado a aumento de crédito como construção, educação e varejo saem beneficiados com ele. A abertura na semana deve ser bem volátil. A semana que passou já foi assim e temos um cenário externo bem complicado com China, que deve anunciar estímulos, visto que o PIB deles veio bem abaixo do esperado”, disse Cohen.

O especialista também destacou que caso não haja nenhuma sinalização em relação à equipe econômica, o mercado deve abrir em baixa, nesta segunda-feira (31), e “pode ser um ótimo dia para comprar” na bolsa.

Para Maykon Henrique de Oliveira, especialista em investimento CEA e professor da Eu me banco, o setor de varejo deve ganhar fôlego com Lula, após quase dois anos no limbo. 

“A perspectiva é que o Lula seja menos austero na nossa política fiscal e isso vai beneficiar as ações do setor de varejo. Elas podem ter um estímulo de curto prazo pela maior propensão de o Lula colocar mais estímulos fiscais. Nessas ações de consumo em massa, as empresas podem valorizar, e muito, favorecendo as ações”, disse Oliveira. 

De acordo com Oliveira, Lula não deve buscar tantas proibições fiscais em seu governo, e isso pode beneficiar as ações de varejo, já que servirá como um estímulo no curto prazo.