No segundo trimestre deste ano, o Assaí (ASAI3) surpreendeu o mercado ao reportar resultados mais fortes do que o esperado. Para o terceiro trimestre, especialistas mantêm as perspectivas por números positivos, já que a Copa do Mundo, alinhada às compras de final de ano, deve impulsionar o setor.
De acordo com Fabrício Gonçalvez, CEO da Box asset management, a qualidade da gestão operacional do Assaí e as propostas de valor da empresa abrem espaço para o crescimento e colocam a companhia acima de pares do mercado.
“A empresa está em rápido crescimento e entregando altos retornos, as propostas de valor da companhia, combinadas com a diversificação dos segmentos de varejo de alimentos e food-service brasileiros, tornam a empresa capaz de sustentar o crescimento no longo prazo, independente de qualquer governo”, afirmou Gonçalvez.
Para Andy Kawamoto, analista de varejo, as perspectivas de curto prazo são otimistas para a empresa. “Temos a Copa do Mundo e o brasileiro tem o hábito de mudar o comportamento de consumo na copa. Reuniões, churrasco, mesa de comemoração de fim de ano… a gente tem esse incremento muito forte no varejo”, disse Kawamoto.
O especialista ainda destacou os fatores do 13º salário e da Black Friday, que podem impulsionar ainda mais as vendas neste fim de ano.
“O final do ano é um período em que o brasileiro assume um comportamento de compra um pouco menos racional, onde acaba gastando um pouco mais, até porque ele sabe que tem a primeira parcela do 13º, muitas empresas pagam aquele vale alimentação e o destino, na maioria das vezes, é o varejo de alimentos. Então isso tudo ajuda a trazer um fôlego, independente do cenário político”, disse Kawamoto.
O Assaí encerrou o pregão da última terça-feira (17) em queda de 9,22%, com as ações cotadas a R$ 17,92. O desempenho negativo do Assaí aconteceu em linha com rumores de que o Casino poderia se desfazer de ações da empresa.
A rede varejista reportou lucro líquido de R$ 319 milhões, no segundo trimestre deste ano. O valor representou uma alta de 20,7% na comparação ano a ano. A margem Ebitda do Assaí foi de 7,4%, frente a 7,5% registrado no segundo trimestre de 2021.
O desempenho teria sido resultado do forte volume de vendas, alinhado a estratégia comercial bem-sucedida, além de um controle maior em suas despesas, mesmo diante da expansão acelerada e do contexto de juros elevados que impactou o resultado financeiro.
Segundo Paolla Mello, analista da GTI, do ponto de vista qualitativo o mercado espera um crescimento de top line (receita até o lucro bruto) da ordem de uns 30% e uma contração de margem ebitda.
“Deve haver uma contração da margem ebitda, dado que a empresa, além de conduzir o processo de expansão, abertura de novas lojas, também está com um processo de conversão dos hipermercados recém adquiridos e isso tem um custo alto operacional e imagino que isso pese no Ebitda”, disse Mello.
“Se somar a isso o aumento das despesas financeiras, por conta da subida da Selic, imagino que teremos uma contração expressiva na última linha [lucro]”, completou a analista da GTI.
A receita líquida do Assaí teve alta de 32,8% na base anual, no segundo trimestre de 2022, para R$ 13,29 bilhões, refletindo a contribuição de lojas inauguradas nos últimos 12 meses e do crescimento advindo das vendas mesmas lojas, que subiram 14,7% no período.
Ações do Assaí em 2022
Os papéis do Assaí na bolsa de valores de São Paulo (B3) acumulam alta de 42% neste ano. As ações da companhia operavam em alta de 1,17%, cotadas a R$ 18,13, por volta das 13h15 desta quarta-feira (19).