O IPO (oferta pública inicial) da Porsche confirmou as expectativas e veio no teto da faixa de preço, entre 76,50 e 82,50 euros. Desta forma, as ações da fabricante de carros esportivos de luxo passam a ser listadas a partir desta quinta-feira (28) na bolsa de Frankfurt, com um valor de mercado superior a 75 bilhões de euros, em uma das maiores ofertas de todos os tempos da Europa.
O grande resultado da Porsche vem justamente em um ano fraco para o ingresso de empresas nas bolsas mundiais. O capital da empresa foi distribuído em 911 milhões de ações, em referência ao seu modelo automotivo mais famoso. Esse número é dividido ainda entre 455,5 milhões de ações preferenciais e 455,5 milhões de ações ordinárias, sendo que apenas as ações preferenciais serão listadas.
A alemã Volkswagen, controladora da empresa, colocou 12,5% de ações não votantes da companhia à venda.
A holding das famílias Porsche e Piëch, a Porsche SE, que controla 31,4% das ações da Volkswagen, com 53,3% de suas ações ordinárias, no entanto, deve continuar no comando da montadora de luxo.
A família pretende comprar 25% do capital votante desta mais uma ação, com um prêmio de 7,5% sobre o preço de listagem das ações preferenciais.
Apesar do excelente resultado do IPO da empresa, que movimentou cerca de 9,4 bilhões de euros, especialistas não creem em uma recuperação do mercado europeu.
Com a crise energética, imposta pelo corte de gás russo com a alta dos juros para barrar a inflação na Europa, o índice DAX, da Alemanha, tem queda de mais de 23% no ano.
“Uma transação sozinha não pode reabrir as comportas das execuções de IPOs. Isso requer um cenário macro mais previsível e menor volatilidade do mercado de ações”, disse Antoine de Guillenchmidt, co-diretor de Mercados de Capitais da EMEA na Goldman Sachs, à Reuters, segundo o “Infomoney”.
Brasileiros esperam 18 meses para adquirir um Porsche
No Brasil, há uma fila de espera de 18 meses para adquirir um carro da marca. Somente na última década, a companhia triplicou o seu volume de vendas, enquanto o mercado automotivo caiu 45% no mesmo período. Mostrando que, além do IPO, ela também costuma ir na contramão nos resultados.
O IPO da montadora, por conta das características da empresa, oferece segurança em meio ao cenário volátil. A Porsche se trata de um nome líquido e, provavelmente, defensivo – isso porque o comércio de luxo sofre menos durante as crises, uma vez que o público-alvo é menos impactado.