Após informar nesta segunda-feira (19) que foi notificada pela Tim, Telefônica e Claro, compradoras da Oi Móvel, para a devolução do valor de R$ 1,73 bilhão, as ações da Oi (OIBR3) despencaram na bolsa de valores de São Paulo (B3). Os papéis fecharam em queda de 11,32% a R$ 0,47. De acordo com especialistas consultados pelo BP Money, caso a tele precise arcar com o valor solicitado, seu processo de recuperação judicial pode atrasar ainda mais.
Segundo Fabiano Vaz, analista da Nord Research, apesar de R$ 1,7 bilhão parecer pouca coisa (perto de R$ 16 bilhões – valor da dívida da Oi), a empresa, de acordo com Vaz, já deve ter comprometido esse valor na amortização de alguma dívida ou para investir em seu novo foco de negócio, que é a fibra ótica.
“Existe a parte da recuperação judicial. A Oi acabou não comentando sobre isso, mas tudo leva a crer que pode, sim, atrasar ainda mais o processo da recuperação judicial. Está na mão do juiz, mas como a venda da Oi Móvel e todos os valores fazem parte do processo de recuperação judicial pode ser que o juiz espere um pouco mais para dar a conclusão em relação a saída da recuperação judicial que a empresa esperava que acontecesse nesse terceiro trimestre. Provavelmente não veremos isso acontecer”, disse Vaz.
A queda dos papéis da Oi nesta segunda, segundo Vaz, aconteceu por causa das possibilidades que o mercado enxergou em relação a esse novo fato em que a Oi foi enquadrada – referente a discordâncias presentes no contrato de venda de seus ativos móveis.
“Recentemente também tivemos a parte da Anatel colocando alguns pontos da venda da Oi Móvel, então acaba sendo mais uma notícia negativa”, relembrou Vaz.
Em julho, o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, disse que caso TIM, Telefônica Brasil e Claro não revertessem as liminares judiciais que suspendem obrigações para oferta de roaming a concorrentes, poderia desfazer a venda da Oi Móvel.
Sidney Lima, da Top Gain, explicou que a solicitação de Tim, Telefônica e Claro trata-se de uma divergência de cálculo do ajuste pós-fechamento, em que as empresas pedem à Oi a devolução de R$ 1,73 bilhão, referente a diferença entre o ajuste acordado e o valor retido.
“O impacto desse fato tende a ser negativo para o caixa da empresa que tem se desfeito de parte do seu patrimônio. Já que não existe provisionamento em caixa para uma devolução tão considerável”, afirmou Lima.
“Esse atrito pode se estender e gerar mais desgaste ainda para a empresa. De qualquer forma o mercado reage negativamente, mediante a real possibilidade de que a empresa possa ter que retirar de caixa algo sem nenhum provisionamento e em uma empresa atolada em dívidas”, concluiu o analista da Top Gain sobre a Oi.