O Grupo Muffato avançou na negociação da venda de 24 lojas da rede de atacado Makro, localizadas em São Paulo. A venda inclui, além dos pontos, a sede da rede e o centro de distribuição em Cajamar (SP), segundo o “Valor”.
As sondagens iniciaram com os ativos em cerca de R$ 3 bilhões, porém o mercado espera que a venda seja feita num preço abaixo desse patamar, de R$ 2 bilhões.
O Grupo Pereira, dono da Fort Atacadista, também teve interesse na operação, segundo informações circulando no mercado, porém o Muffato teria tido a preferência e acelerado as conversas no último mês.
A transação com o Muffato deve ser fechada nas próximas semanas, segundo as expectativas. Se o negócio for fechado, será a entrada na capital paulista do Muffato, já que a empresa passaria a ter pontos nos bairros do Butantã, Lapa, Interlagos e Vila Maria.
Atualmente, o Muffato possui 82 unidades no país, que operam apenas no interior de São Paulo e Paraná.
Muffato, Makro e Santander não quiseram comentar sobre o assunto quando procurados, segundo o “Valor”.
O movimento fará pressão para o mercado de atacarejo em São Paulo. Dois executivos de redes rivais ouvidos dizem que nem todos os pontos à venda são cobiçados, mas as unidades no Butantã e Vila Maria seriam “bem competitivas”, segundo o veículo de comunicação.
O aumento da força do Muffato no Estado, além de influenciar o segmento de atacarejo, tornaria a rede mais combativa também em supermercados.
Considerando os dados do faturamento das redes em 2021, publicado pelo ranking da Abras, a entidade do setor, se o negócio for fechado, a Muffato irá, da sexta posição geral do ranking, para o quinto.
O CEO de uma rede concorrente afirmou que a negociação “seria uma forma de o Muffato mostrar ao mercado que não deve ficar parado vendo a Cencosud voltar a crescer”.
A Cencosud foi sondada pelo Santander para apresentar proposta pelo Makro, mas não houve interesse, segundo uma fonte.
Os valores de mercado das cadeias caíram, e os projetos de crescimento têm sido analisados com critério maior. Porém as operações hoje em andamento avançam por outras razões.
Outra negociação, a venda de um ponto do Makro ao Grupo Pereira, localizado em Campo Grande (MS) foi fechada dias atrás, segundo o “Valor”.
Por litígios judiciais e a identificação, por parte da Muffato, da sobreposição de algumas lojas da rede com o Makro em São Paulo, é pouco provável que a venda do Makro chegue nos R$ 3 bilhões pedidos.
Makri já negociou partes com o Carrefour
Após já ter vendido parte da operação ao Carrefour em 2022, se essa negociação for concluída, a empresa sairá definitivamente do Brasil. Segundo uma pessoa a par do assunto, a Makro aceita negociar condições até determinado limite, já que não quer esperar uma melhora de preço para deixar o país.
“Para quem compra, o fator positivo é que não há tanta concorrência, porque Atacadão e Assaí já não queriam essas lojas do Makro mesmo. Para quem vende, não é uma boa hora porque os ‘valuations’ ainda estão bem descontados. Só que é preciso entender que as empresas estrangeiras têm suas próprias estratégias de saída dos mercados”, disse um consultor, segundo o “Valor”.
O Muffato, que comprará as lojas do Makro, é gerido pelos sócios e filhos do fundador da empresa, e alcançou R$ 10,5 bilhões em faturamento em 2021, alta de 17% sobre 2020, acima da média do setor, e de grupos líderes como GPA e Carrefour.