O processo de venda da Braskem (BRKM5) voltou a empacar. De acordo com o Valor, os dois acionistas da petroquímica, Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras diminuíram o ritmo e pouco tem se movimentado para que a negociação avance.
Mas questões internas na Petrobras, incluindo a mudança na presidência, e incertezas quanto à estratégia da estatal retiraram a venda da Braskem da pauta prioritária, ao menos por enquanto.
Na Novonor, ainda não houve uma definição de um novo cronograma após a suspensão da oferta de ações preferenciais em janeiro. De acordo com à publicação, o preço atual das ações está bem abaixo do necessário para pagar as dívidas e aquém do interesse da antiga Odebrecht para se desfazer de sua participação no negócio.
A soma da dívida dos bancos que têm ações em garantia é de cerca de R$ 15 bilhões. Uma boa parte dos dividendos da Braskem tem sido destinada para abater os débitos e juros dessa dívida.
A situação atual dá conta de que, dificilmente, haverá algum tipo de operação antes das eleições presidenciais marcadas para outubro.
Braskem aguarda melhora no mercado para realizar follow-on
A petroquímica também está aguardando a melhora das condições de mercado para seguir adiante com a oferta subsequente de ações (“follow-on”). Desde o segundo semestre de 2021 que o mercado se fechou para ofertas.
Nesta quinta-feira (14), a cotação das ações encerraram o dia a R$ 33,02 na B3, bolsa brasileira. Neste ano, os papéis acumulam queda de 40,39%, segundo levantamento do Valor Data.
Recentemente, o CFO (Chefe do Setor Financeiro), Pedro Freitas, afirmou em coletiva que os estudos para que a Braskem entrasse no Novo Mercado haviam avançado e os mesmos foram apresentados para seus acionistas Petrobras e Novonor.
Nos últimos meses, o fundo americano Apollo, os concorrentes nacionais Unipar e Ultra, além da J&F Investimentos, holding da família Batista, dona da JBS, e o BTG Pactual se apresentaram entre os potenciais interessados na compra da fatia da Novonor na Braskem.
Algumas interações entre potenciais compradores e Novonor e Morgan Stanley têm ocorrido, mas a percepção é que não há espaço para algum tipo de operação antes das eleições presidenciais marcadas para outubro no Brasil.
Desde o ano passado, os papéis da companhia estão em queda. A pressão mais contundente veio da crise energética no mundo, que reduziu as margens da petroquímica brasileira.
Os preços mais elevados do gás natural e do petróleo, e consequentemente da nafta e do etano, devem continuar pesando sobre os resultados da empresa.
No primeiro trimestre do ano, a Braskem registrou receita líquida de R$ 26,7 bilhões, alta de 18% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro líquido de janeiro a março da companhia foi de R$ 3,8 bilhões, aumento de 56% sobre o primeiro trimestre de 2021.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização recorrente caiu 30%, totalizando R$ 4,845 bilhões.
A Braskem tem um valor de mercado avaliado em R$ 26,7 bilhões.