O risco Brasil, que mede a capacidade do País em pagar dívidas, alcançou 332 pontos no início desta quinta-feira (14), segundo a IHS Market. O crescimento se deve ao investidores, que têm demonstrado cada vez mais aversão ao risco no Brasil e no exterior. O índice é medido pelos contratos de cinco anos de CDS (Credit Default Swap).
A piora é observada ao mesmo tempo em que outros ativos brasileiros são penalizados. Às 16:10 (de Brasília), o Ibovespa caía 1,81%, cotado aos 96 mil pontos, e o dólar subia 0,65%, a R$ 5,44.
Segundo José Tovar, sócio-fundador da Truxt Investimentos, os números da inflação norte-americana estão muito altos, gerando um desconforto nos investidores e uma expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano) irá subir mais os juros.
“Quando os juros americanos sobem, isso fortalece o dólar e torna as bolsas mais vulneráveis”, explicou Tovar.
“O mercado tinha dado uma acalmada, mas, com a inflação de ontem, tivemos uma nova pernada [na aversão a risco]”, completou.
De acordo com Rogério Boueri, chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, a condução da política fiscal no Brasil não é a explicação para o aumento da taxa de risco medido pelo CDS, nem a alta do dólar e as oscilações da bolsa de valores.
“A taxa do CDS tem aumentado para todos os países, e não só para o Brasil”, argumentou.
“Todo mundo está prevendo aumento de juros nos EUA, e isso tem reflexo no mundo inteiro, inclusive na taxa de captação do Tesouro”, disse Boueri, referindo-se ao Tesouro Nacional.
Boueri também afirmou que apesar da influência do exterior, as taxas nominais brasileiras não estão subindo mais acentuadamente do que as norte-americanas
“Temos estabilidade no diferencial de taxas com os EUA. Nossas taxas sobem internamente por conta das condições internacionais”, explicou.
Em 28 de junho, o risco Brasil retornou ao patamar dos 300 pontos na pela primeira vez desde os primeiros meses da pandemia de Covid-19, em 2020.