Via (VIIA3) rebate Michael Klein após empresário criticar remuneração dos diretores

O acionista levantou questionamentos sobre um eventual risco de conflito de interesses

A Via (VIIA3), empresa varejista responsável pelas redes Casas Bahia e Ponto, afirmou que irá tomar medidas legais para coibir “a disseminação de informações incorretas e imprecisas”, após o empresário Michael Klein, acionista da companhia, publicar duras críticas à aprovação da remuneração da Via para este ano.

No dia 8 foi realizada uma assembleia geral extraordinária, onde foi aprovado o plano de remuneração global de 2022 para diretores e conselheiros. O montante é de quase R$ 105 milhões, crescimento de 65% sobre 2021. A manifestação de Klein representa 10% do total das ações, 2,5% diretamente de Klein e 7,5% do fundo Twinsf Multimercado Crédito Privado, cujo principal acionista é Klein. 

Em sua manifestação de voto, o acionista afirma que o aumento ocorre “apesar do desempenho da companhia, da não distribuição de proventos aos acionistas nos últimos quatro anos e de desvalorização, de aproximadamente 88,18% da cotação das ações de emissão da Via”. 

De acordo com a manifestação, a proposta “parece exceder substancialmente a remuneração aprovada pelos principais concorrentes” e vê a “existência de potencial interesse conflitante no processo de elaboração da proposta e aprovação da remuneração”. 

Leia mais: Via (VIIA3) enfrenta desafio setorial com prejuízo e passado incerto

Klein também afirma existir um departamento na Via com escopo específico que trata de temas de remuneração, no entanto, não há informação se a área estaria vinculada a alguma diretoria específica ou ao conselho de administração.

“Não se sabe, assim, se a existência de tal área dedicada é, por si só, suficiente para afastar os inerentes conflitos de interesse que podem surgir em relações hierárquicas”, afirmou.

Além disso, alguns acionistas são indiretamente membros da administração da companhia, o que “sugere que se deve redobrar a cautela para a adoção de práticas de governança corporativa mais cuidadoas”.

Motivado por essas questões, Klein optou por se abster na votação realizada no dia 8. A manifestação de voto foi apresentada somente nesta quinta-feira (14). 

Via (VIIA3) rebate Klein e diz que não há conflito de interesses 

A Via publicou um documento de 15 páginas com sua resposta à manifestação de voto de Klein, afirmando que não existe conflito de interesse e que a proposta foi aprovada pelos acionistas, e não pelos administradores. A proposta teria sido aprovada por unanimidade pelo comitê de pessoas e governança e pelo conselho de administração. 

Klein afirmou que a proposta teria sido rejeitada em uma assembleia realizada semanas antes, o que foi desmentido pela companhia. “O item foi tão somente deliberado e aprovado na assembleia.” 

A Via também argumentou a respeito da questão de desempenho e resultados levantada pelo empresário. De acordo com a companhia, apesar dos desafios enfrentados no cenário atual, “apresentou lucro expressivo no exercício social de 2020, embora tenha sido impedida de distribuir dividendos aos seus acionistas em decorrência da absorção de prejuízos acumulados, nos termos da legislação aplicável”.