Em meados dos séculos XV e XVI, os primeiros registros sobre o ato de fumar foram feitos. Os marinheiros e os exploradores de terras começaram com o hábito e, logo depois, os colonos também adotaram a mania. O charuto acabou virando um símbolo social e, até hoje, é visto como um hobbie para quem pertence à classe média alta. Entretanto, de acordo com Yunier Perez e Reginaldo Nascimento, fundador e gerente da Europa Lounge (respectivamente) – tabacaria cubana do Jardim Europa (bairro nobre de São Paulo) – o charutismo tem espaço para se tornar algo “popular”.
De acordo com Nascimento, a Europa Lounge possui o desejo de popularizar o charuto. Uma das ideias da tabacaria do Jardim Europa é passar a mensagem de que “charuto é para todo mundo”.
“O mundo dos charutos é visto como uma coisa para a elite da sociedade, e não é. Eu digo com propriedade porque eu vivo nesse mundo. O charuto é visto como algo prazeroso só para aquele cara que resolveu a vida dele, então ele tem o tempo inteiro para fazer aquilo – mas não é. Você pode ver essa gama de charutos que a gente tem. Aqui na casa, temos uma curadoria de charutos. Temos charutos de R$ 1680, mas também temos os de R$ 50”, disse Nascimento.
O cubano Yunier Perez, um dos sócios da tabacaria, destaca que quer “todo mundo” degustando o charuto “seis14” (o mais acessível da tabacaria).
“É claro que queremos que todos conheçam e degustem nosso charuto, porém também queremos que as pessoas apreciem a experiência da Europa lounge e tudo que temos para oferecer. Por isso, para encontrar o nosso Charuto é necessário vir até nossa casa – que hoje é o único lugar onde você encontra à venda nossa jóia”, disse Perez.
O preço dos charutos costuma variar muito, mas – em geral – não é barato. Pelo contrário, charutos de marcas famosas costumam também apelar para o nome, além, é claro, da qualidade que carregam.
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São muitos os pontos que influenciam o preço de um charuto, como por exemplo a localização onde é plantado o tabaco, o custo do transporte (ainda mais quando o tabaco não é nativo), custos de produção relacionados ao tabaco (existem empresas que vendem folhas e empresas que plantam suas próprias folhas), a demanda (inclui também o estoque) e a apresentação. Existem, também, charutos que são de edições comemorativas.
“Temos um charuto chamado ‘seis14’ (nome que faz alusão ao número do endereço da tabacaria), que é produzido na região do recôncavo na Bahia, que é uma região privilegiada. É feito com semente de tabaco cubana e plantado aqui no Brasil. Essa fábrica se chama Perez e Rodrigues, e pertence ao Julien, que está em Salvador e grande parte da produção desse charuto já é exportado e esse é o único charuto dessa fábrica que é exclusivo da nossa tabacaria”, explica o gerente, Reginaldo Nascimento.
Sobre o perfil dos frequentadores, Nascimento explica que é algo “bem democrático”. “Vem políticos, grandes empresários e jovens aqui da Faria Lima. O público feminino é muito forte na tabacaria. É uma casa muito democrática, mas ainda naquele padrão, né? É um lugar que recebe muita gente da classe AA, porque o restante ainda não descobriu, e aí é um desafio nosso passar essa mensagem de que estamos abertos para todo mundo para esse pessoal”, afirmou o gerente da Europa Lounge.
Os charutos da Europa Lounge costumam ser feitos a mão e, por isso, alguns deles custam mais de R$ 1600. A tabacaria foi inaugurada neste ano e foram investidos mais de R$ 1,5 milhão no local. O consumo mínimo na casa é de R$ 145 por pessoa.
“Nosso foco hoje é fazer cada vez mais dessa casa uma referência quando o assunto for charuto e todo seu lifestyle. Queremos nos firmar como um templo do charuto”, destacou o sócio da tabacaria Yunier Perez.