Inflação sobe 0,67% em junho e atinge 11,89% em 12 meses

IPCA foi puxado pela alta dos alimentos, mas ficou levemente abaixo do esperado

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no País, subiu 0,67% em junho na comparação com maio, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar da alta, o índice ficou abaixo do consenso, que era de 0,80%. No ano, a inflação acumulada é de 5,49% e, atinge, no acumulado dos últimos 12 meses, 11,89%.

De acordo com o IBGE,  a alta foi influenciada principalmente pelo aumento de 0,80% no grupo de alimentação e bebidas, que tem grande peso no índice geral (21,26%). Em maio, o crescimento mensal da inflação oficial havia sido de 0,47%.

“O resultado foi influenciado pelo aumento nos preços dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%), com destaque para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%). Nos últimos meses, esses itens não acompanharam a alta de alimentos nos domicílios, como a cenoura e o tomate, e ficaram estáveis. Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços”, afirmou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Além disso, segundo o gerente do IBGE, outro ponto que pressionou a inflação foi o reajuste dos planos de saúde. 

 “Em maio, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizou o reajuste de até 15,50% nos planos individuais, com vigência a partir de maio e o ciclo se encerrando em abril de 2023. No IPCA, houve, em junho, a apropriação das frações mensais de maio e junho, o que impactou bastante esse resultado”, disse. 

Em junho, no grup ode Transportes, que tem o maior peso no índice geral, a alta foi de 0,57%, uma desaceleração frente ao mês anterior (1,34%). Em junho, o resultado foi impactado pela queda de 1,20% nos combustíveis. Os preços da gasolina, item de maior peso individual no IPCA, caíram 0,72%, enquanto os do etanol recuaram 6,41% e os do óleo diesel subiram 3,82%. Mas a maior variação (11,32%) e o maior impacto positivo (0,06 p.).

Kislanov ainda falou sobre a alta dos preços neste ano. Segundo ele, alimentos e combustíveis pesaram no acumulado de 2022.

“No primeiro trimestre do ano, o destaque foi a alta dos produtos alimentícios, como a cenoura. Em março e abril, houve o aumento nos preços da gasolina e também dos produtos farmacêuticos. Nesse segundo trimestre, observamos a redução do patamar do índice geral, que estava acima de 1% e, em maio, foi para 0,47% e em junho, para 0,67%”, avalia Kislanov.

XP vê desaceleração na Inflação

Para Tatiana Nogueira, economista da XP, a inflação deverá continuar a desacelerar nos próximos meses. “A dinâmica inflacionária parece ter permanecido a mesma: desaceleração gradual de bens industriais, mas vários itens seguem pressionados, especialmente vestuário e automóveis. E serviços ainda em trajetória de aceleração, devido aos efeitos da reabertura e inflação corrente elevada. Nesta divulgação, alimentação fora do domicílio veio acima do esperado (+3 bps)”, disse.

“À frente, com a sanção do PLP 18, medida que diminui impostos de energia elétrica, gás natural, combustíveis, telecomunicações e transportes coletivos, o IPCA deve entrar em campo deflacionário. Estimamos deflação de -0,81% em julho e IPCA de 7,0% no ano”, completou sobre a inflação.