Próximo de acabar, o sexto mês do ano – caracterizado por datas comemorativas simbólicas como o Dia dos Namorados e as Festas Juninas – pode ser animador para os comerciantes do Brasil. O problema é que, para quem está mais apertado, as datas podem se tornarem dívidas. Por isso, os “Devedores Anônimos” vem atuando para auxiliar quem passa por períodos financeiros turbulentos.
Apesar das projeções positivas para as vendas no mês, tanto para o Dia dos Namorados quanto para as Festas Juninas, o risco de inadimplência segue vigente no País.
Em adição à especialista Emilene Mesquita, o “Devedores Anônimos”, grupo de apoio para inadimplentes no Brasil, falou um pouco ao BP Money sobre as particularidades que essa época do ano causa no bolso brasileiro.
O “Devedores Anônimos” foi fundado pelos mesmos idealizadores do famoso “Alcoólicos Anônimos”, e tem como principal objetivo ajudar os participantes a quitarem suas dívidas e se livrarem de um hábito compulsório.
Mesmo com as diversas motivações que levam uma pessoa a se endividar, como a falta de planejamento e o prolongamento de dívidas pontuais, a instituição afirmou que as comemorações juninas causam um efeito diferente para os vários novos participantes que costumam aderir ao grupo nessa faixa do ano.
“As causas para estarem aqui são as mais variadas possíveis. Entretanto, os relatos mais comuns das pessoas têm ligação com a necessidade de satisfação alheia. No Dia dos Namorados, por exemplo, é comum ouvirmos casos de pessoas que fizeram compras acima do disponível para gasto somente para presentear um terceiro”, disse o grupo.
Além disso, o “Devedores” também ressaltou as incidências com o uso de cartões de crédito nessa época.
“Apesar de serem gastos mais pontuais e específicos, muitos participantes optam por utilizar o cartão de crédito em compras parceladas, a fim de adquirir produtos e até viver momentos que pedem valores mais altos. Em nossas experiências nos últimos anos, o índice de inadimplência sempre cai após os meses seguintes. Geralmente lá para novembro, muitos dos endividados conseguem pagar aquilo que gastaram nas festas de junho. Mesmo assim, nosso direcionamento indica um cuidado pessoal”, reforçou a instituição.
Nos próximos meses, diversos relatórios sobre as vendas no Dia dos Namorados e nas Festas Juninas serão publicados, o que permitirá uma análise mais certeira sobre as projeções realizadas previamente para esse período.
Até lá, a expectativa é de que o terceiro mês que mais tira dinheiro dos brasileiros no ano não seja marcado pelo aumento das dívidas da população do País.
Vendas do período são positivas
De acordo com um estudo realizado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a expectativa para as vendas no Dia dos Namorados, celebrado no último dia 12, era de R$ 2,49 bilhões.
Na comparação com os resultados alcançados no mesmo período do ano passado, o montante sofreu queda de 2,6%, movimentação influenciada pelos altos índices inflacionários no País.
Entretanto, no recorte apenas de 2022, o mês de junho, de acordo com a pesquisa, desembolsará mais dinheiro do bolso dos brasileiros do que os demais meses até aqui.
Segundo Emilene Mesquita, franqueada e especialista da organização financeira DSOP, o Dia dos Namorados – que é a terceira data que mais movimenta os comércios no Brasil, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães – impulsionará as vendas nos varejo, mas deixará margem para analisar o endividamento da população.
“Não há dúvida que as vendas aumentam nessas datas, pois existe um apelo publicitário muito forte para o consumo. A maior parte das vendas realizadas nesse período são vendas no cartão de crédito, assim a dívida é contraída na mesma proporção de crescimento. No entanto, nem todas elas deixam de ser pagas, apenas uma parte ficará inadimplente”, disse Mesquita.
Contudo, para a analista, o histórico de compras de 2022 ainda permite uma estimativa não tão negativa acerca dos endividamentos após o mês de junho.
“Em maio deste ano, por exemplo, mês que comemoramos o Dia das Mães, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor realizada pela CNC, o percentual de famílias endividadas era de 77,4%. No entanto, os inadimplentes foram 28,7% das famílias brasileiras”, explica a especialista.
Preocupação com dívidas também passa pelas Festas Juninas
Para as festas juninas, as estimativas de vendas foram tão altas quanto. Os levantamentos realizados por diversas instituições locais no Brasil exemplificaram o otimismo dos comerciantes mesmo em meio à crise inflacionária no País.
De acordo com a pesquisa da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas), a estimativa para as vendas na cidade de São Paulo durante o período da festa típica dos santos marca a casa dos R$ 10 milhões, impulsionada pelo mercado alimentício que fornece produtos como pé de moleque e amendoim.
No Rio de Janeiro, o levantamento realizado pelo Clube dos Diretores Lojistas do Estado revelou que os comerciantes aguardam o aumento de 3,5% nas vendas.
Enquanto isso, o Ministério do Turismo projeta a aplicação de R$ 2 bilhões em todo o País durante as comemorações juninas.
Só para a Paraíba, nominada como o “Maior São João do Mundo”, espera-se o acréscimo de R$ 400 milhões nos comércios até o final deste mês.