Rússia afirma que não vai atacar portos ucranianos abertos para passagem de cereais

Os dois países envolvidos na guerra no Leste Europeu são produtores importantes do setor de grãos

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou na última sexta-feira (3) que Moscou não vai atacar os portos ucranianos que tiverem sendo usados para a passagem de cereais. Os insumos estão bloqueados há semanas devido à guerra na Ucrânia.

“Não vamos aproveitar a situação de desminagem para, digamos, realizar algum tipo de ataque no mar”, afirmou Putin em uma entrevista para a televisão pública russa.

Kiev acusa os russos de bloquear os seus portos e impedir que cerca de 22 milhões de toneladas de cereais sejam exportados. A Ucrânia também afirma que Moscou roubou insumos agrícolas do território ucraniano e os vendeu ilegalmente para diversos países, como a Síria. A Rússia nega as acusações.

Putin afirmou que a melhor opção para escoamento da produção ucraniana de cereais seria pelos portos no Mar Negro. A Ucrânia não confia nas promessas de Moscou.

“Não fomos nós que minamos os acessos, foi a Ucrânia. Já disse a todos os nossos colegas em muitas ocasiões. Deixem que eles os desminem”, alegou o presidente russo.

Rússia garante acesso seguro aos portos

Moscou reafirmou que vai garantir “transporte pacífico, acesso seguro a esses portos, além da entrada e transferência de navios estrangeiros”. Putin minimizou os volumes de exportação de trigo da Ucrânia, afirmando que a produção de Kiev é insignificante em comparação com a produção mundial.

Durante a entrevista, o presidente da Rússia também estimou que as exportações russas devem chegar a 37 milhões de toneladas para 2022 e 2023. Putin propôs como alternativa os portos ucranianos no Mar de Azov-Mariupol e Berdyansk-, que estão sob controle russo.

“Estamos terminando o trabalho de desminagem. As tropas ucranianas extraíam-nas em três camadas. Criaremos a logística necessária para isso”, afirmou.

A Rússia também destacou que o escoamento pode ser feito via Romênia, Hungria ou até mesmo Belarus.