Uma reportagem de diversos veículos alemães noticiou no último domingo (29) que a montadora Volkswagen foi convocada para uma audiência no mês de junho em um tribunal de trabalho em Brasília por supostas práticas de trabalho escravo entre 1974 e 1986.
A companhia foi notificada pela justiça brasileira no dia 19 de maio. Questionado pela agência de notícias AFP, Um porta-voz da Volkswagen afirmou que a companhia leva “muito a sério” o assunto e os incidentes que estão sendo investigados no Brasil.
De acordo com as denúncias, a montadora alemã usou “práticas análogas a escravidão”, além de “tráfico de pessoas”. Acusações relacionadas a violações de direitos humanos também foram registradas.
As denúncias são antigas e vieram à tona pela primeira vez em 1983. As práticas teriam ocorrido em meio a trabalhos de desmatamento florestal para a instalação de um grande projeto agropecuário nas margens do rio Amazonas durante o período da ditadura militar (1964-1985).
A Volskwagen planejava a criação de uma grande fazenda de gado no estado do Pará. O objetivo era fazer com o que o local fosse a porta de entrada da montadora no setor de carnes. O negócio foi inicado via convite da ditadura brasileira, que oferecia incentivos fiscais.
Segundo veículos alemães, que fizeram consultas em mais de 2 mil paginas de documentos e testemunhos, os trabalhadores foram vítimas de abuso e violência por parte de guardas armados e intermediários no local. Trabalhadores temporários teriam sido baleados e espancados caso fugissem da fazenda.
Volkswagen: Procurador relata indícios de “escravidão moderna”
De acordo com Rafael Garcia, procurador brasileiro que é responsável pelo inquérito, as práticas da Volskwagen significavam uma “forma de escravidão moderna”. Em declaração à imprensa alemã, o procurador afirmou que a Volkswagen “manifestamente não só aceitou essa forma de escravagismo como também a encorajou, porque era mão de obra barata”, finalizou.
A Volkswagen já enfrentou acusações de cooperação com a ditadura. Em 2020, a companhia pagou R$ 36,3 milhões para indenizar as famílias de ex-funcionários.