O Copom (Comitê Monetário Político) anunciou o aumento da Selic (taxa de juros) para 12,75%, no início deste mês. Dessa forma, o melhor destino para aplicação da reserva de emergência voltou a ser discutido. O BP Money conversou com especialistas que apontaram que, no atual ciclo de juros no País, os produtos pós-fixados ganham força como alternativa para a reserva.
De acordo com André Medeiros, educador na organização financeira DSOP, a alta da taxa de juros no Brasil torna os investimentos pós-fixados como prioridade para aplicação da reserva de emergência, principalmente o Tesouro Selic.
“A Selic, que atualmente está 12,75%, será muito mais vantajosa para um investimento da reserva, pois além de oferecer um maior rendimento líquido, também possibilita o resgate a qualquer momento”. Quando a taxa estava muito mais baixa – em algumas fases até em torno de 2% – muitas pessoas pararam com as aplicações da reserva em pós-fixados, mas a tendência é que agora elas voltem novamente”, disse Medeiros.
Para Virginia Prestes, professora de finanças da FAAP, o Tesouro Selic também é o tipo de aplicação mais proveitoso para a reserva, e usá-lo no atual momento é uma forma de potencializar os ganhos dentro de um cenário que tende a mudar com uma nova alteração da taxa de juros.
“O Tesouro Selic sempre será mais vantajoso que a poupança, por exemplo, Às vezes será possível ganhar mais, como no atual cenário, em que a Taxa está acima da média de 8,5%, e às vezes menos, mas ele sempre renderá mais, além de ser um termômetro para definir qual valor da reserva realmente aplicar”, explicou Prestes.
Além da Selic, Prestes também destacou outros tipos de aplicação que oferecem liquidez para a reserva, e falou sobre a influência da carga tributária para o investimento.
“A aplicação da reserva de emergência realmente depende da variação da Selic, visto que se a taxa estiver abaixo da margem de 8,5%, a poupança passará a render 70% dela, o que poderia nivelar mais a diferença entre os dois, além de que a poupança é isenta de impostos. Cabe então ao indivíduo calcular, com base no valor de reserva que ele estiver investindo, qual será a possibilidade de aplicação mais rentável, lembrando que os CDB´s com liquidez, que pagam o percentual do CDI, estão em alta também. Os fundos referenciados DI também são ótimas opções, mas acredito que tenham um funcionamento um pouco mais complexo para o investidor entender”, destacou Virginia.
Medeiros ainda exemplificou a importância de analisar as alterações da taxa de juros para decidir um destino para a reserva de emergência. Segundo ele, os quase dois milhões de CPF´s registrados na B3 após a queda da Selic em meados de 2018 seguirão diminuindo com o cenário atual.
“Com a alta da Selic, esse gráfico se inverteu novamente, com o olhar voltando a estar nas ações de renda fixa. Logo, o indivíduo preferiu retornar com a reserva no Tesouro Selic, a fim de não se comprometer. ‘Para que correr risco na bolsa, se tenho muitas aplicações em CDI que tem base na Selic e risco ZERO?’, esse é o pensamento do investidor brasileiro”, elucidou Medeiros.
Momento atual é o melhor para aplicar reserva na emergência, antes de uma eventual queda da Selic
Considerando as projeções do mercado para os desdobramentos da taxa básica de juros no Brasil, Medeiros falou também sobre a grande possibilidade de queda da Selic nos próximos reajustes. Com isso, o professor universitário evidenciou a importância de os investidores brasileiros estudarem as mais variadas formas de aplicação da reserva de emergência.
“O uso da poupança, por exemplo, sempre foi mais cultural no Brasil. O brasileiro está muito acostumado a aplicar na poupança, até porque, antigamente, a caderneta de poupança era muito popular, então na época, o investidor tinha acesso somente à poupança, logo, o que o-atraía não era nem a questão da rentabilidade, e sim, o fácil e seguro cultural acesso. Hoje em dia as coisas estão melhores, então até meus filhos já conseguem usar a reserva em um CDB oferecido por bancos digitais pelos próprios celulares, por exemplo”, explicou Medeiros.
A reserva de emergência é uma poupança acumulada no decorrer de um espaço de tempo pré-estipulado, com intuito de suprir possíveis custos não planejados pelo investidor, e com ela, é possível cobrir despesas derivadas de eventualidades. Ela deve cobrir de três a seis meses de despesas fixas do investidor.
Apesar disso, é sempre necessário considerar que o uso dessa “poupança” é primordialmente destinado para problemas pessoais e que prejudicam a família, sem envolver, necessariamente, o cenário macroeconômico, e a escolha mais viável é manter a aplicação da reserva regular todos os meses.
“A hora ‘certa’ sempre será o agora, principalmente porque o indivíduo já deveria ter esse dinheiro guardado desde o primeiro salário. Porém, como há um passo antes da formação para a formação da reserva de emergência, é necessário que o planejamento financeiro seja familiar, considerando que a reserva é usada para contemplar problemas que envolvem as pessoas da família, e não somente o indivíduo”, afirmou Virginia.