Quem pensa que uma empresa de proteínas pode não ter um pé no mundo tech, deve estar enganado. Na BRF (BRFS3), a busca por startups para aquisições e parcerias é a ordem do dia em meio a um mundo voltado às novas tecnologias. Além dessa busca, a empresa possui o BRFhub, onde as próprias startups podem se inscrever e apresentar os seus negócios.
Para o head de vendas internacionais da BRF, Leandro Monteiro, a busca por uma veia de tecnologia na empresa vai ao encontro das novas demandas de clientes, cada dia mais exigentes.
“O primeiro é ajudar e trazer ferramentas digitais que possam potencializar nossa atuação de venda humana no campo e, fora isso, trazer uma possibilidade que o nosso cliente seja atendido da forma que ele quer, no horário que ele quer e personalizado da maneira que ele quer ser atendido”, disse o executivo, em entrevista ao BP Money.
Thiago Vilhena, gerente digital Ciex da BRF, parte do mesmo racional. Para o executivo, o principal desafio da empresa no digital é entender os processos e o cliente, principalmente após a pandemia causada pelo coronavírus (covid-19).
“O principal desafio é entregar para o cliente aquilo que ele busca e a maneira que ele busca comprar. A BRF acelerou toda a sua digitalização devido à pandemia. A pandemia acabou trazendo necessidades de aceleração da era digital, não só na BRF, como no mundo”, destacou.
Vilhena também disse que existe, na BRF, uma área de M&A (fusões e aquisições), uma área de T.I e digital que estão olhando sempre para novas parcerias. Para este ano, a empresa tem objetivos para acelerar determinadas áreas, mas, segundo os executivos, ainda não podem ser revelados.”Temos algumas coisas em mente, mas não podemos comentar”, disse Vilhena.
“Recentemente, fizemos um investimento de R$ 2 milhões em uma startup de Israel, de desenvolvimento de carne. É uma constante dentro da BRF buscar startups”, disse Monteiro.
Perguntado sobre o impacto deste investimento nas operações da empresa no cenário doméstico, o executivo afirmou que esta é uma iniciativa “ainda estratégica”. “A gente não pode comentar muito, é estratégica (a aquisição), mas posso adiantar que vai estar envolvida no mundo inteiro”, complementou.
Resultados da BRF em 2021
Mesmo com um crescimento notório no faturamento em geral da BRF no quarto trimestre do ano passado, com exceção da Ásia, as pressões de custos que vêm de insumos e matérias-primas ultrapassaram estimativas de algumas casas de análise, como a XP. Por isso, muitas casas de análise têm recomendação neutra para as ações da companhia.
A BRF teve lucro líquido de R$ 964 milhões no quarto trimestre do ano passado. O valor representa uma alta de 6,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2021, a BRF registrou lucro de R$ 437 milhões, queda de 68,5% em relação a 2020.