Um dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus (covid-19), o setor de shoppings parece querer reagir. Não à toa, as vendas em lojas de shoppings tiveram alta de 10,6% em fevereiro, segundo dados do Índice Cielo de Varejo em Shopping Centers (ICVS-Abrasce). Com a retomada da economia, os investidores já começam a olhar com mais atenção para o setor. Mas será que é um bom negócio investir em empresas como Multiplan, BR Malls, Iguatemi, entre outras?
Para o analista Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, no contexto geral, o varejo tem uma boa perspectiva. Assim, a tendência é de que o setor de shoppings volte a apresentar uma recuperação cada vez maior. Por outro lado, existem algumas empresas que podem sair na frente das outras, por um motivo básico: o público alvo.
“Existe uma boa perspectiva quando a gente fala de Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI3), pensando que os ativos são mais expostos a alta renda, então tem mais resiliência. Enquanto isso, BR Malls e Aliansce tem um portfólio com empreendimentos voltados a um público com uma renda um pouco mais baixa. Assim, eles têm perspectiva positiva, mas acho que pode demorar um pouco mais, pensando no nosso contexto macro, que continua bastante desafiador”, disse Komura.
Em janeiro deste ano, o Bank of America (BofA) divulgou um relatório justificando sua recomendação de investimento em shopping centers para este ano. Uma das premissas eram as possíveis fusões e aquisições e os ativos descontados, além da aposta no crescimento do setor.
Apesar do momento desafiador, com a inflação em alta, os analistas consultados pelo BP Money acreditam que o Brasil está chegando no pico da taxa de juros e da inflação. Assim, a perspectiva é de um alívio econômico, em breve, que influenciaria diretamente na melhora das vendas no varejo, com uma perspectiva bastante positiva para o próprio setor e, consequentemente, para o de shoppings também.
“Em termos de varejo, com certeza estamos tendo uma recuperação. Pensando nas ações dessas empresas, primeiramente, tivemos um juros muito baixo, mas que aconteceu durante o contexto da pandemia, com lojas e shoppings fechados. Agora, que estamos com a volta da normalidade e liberação das restrições, estamos vendo o cenário macro jogando contra, com inflação e juros altos”, pontuou Komura.
O analista Matheus Lima, da Top Gain, enxerga a crescente de pessoas nas ruas – com o afrouxamento das medidas de restrição contra a covid-19 – como um movimento fundamental para a melhora do setor de shoppings nos próximos meses.
“Há mais pessoas voltando ao trabalho presencial, consequentemente mais pessoas voltando a visitar espaços públicos, que é o caso dos shoppings. A gente pode ver, para os próximos meses, um aquecimento interessante desse setor, tanto de shoppings quanto de lojas”, disse Lima.
No Brasil, existem 620 shopping Centers, que somam um total de 112.738 lojas. O setor já gerou mais de 1 milhão de empregos. Em 2022, a previsão é de que mais 13 shoppings sejam inaugurados. Os dados são da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
Pandemia de covid-19 afetou setor de shoppings
Com a chegada da pandemia de covid-19, em meados de março de 2020, o setor de shoppings começou a sofrer, já que os empreendimentos foram fechados. Dessa forma, as receitas dos shoppings foram fortemente afetadas.
Isso porque as administradoras tiveram que flexibilizar os pagamentos de aluguéis dos espaços alugados para as lojas, que foram fechadas em decorrência da pandemia.
Multiplan tem prévia operacional forte
A Multiplan, uma das maiores empresas brasileiras da indústria de shoppings, divulgou seus dados prévios referentes ao primeiro trimestre de 2022, na última segunda-feira (4). A empresa registrou um novo recorde de vendas para o mês de março, chegando a marca de R$ 1,4 bilhão.
A companhia relacionou o bom resultado ao fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados. Os dados completos sobre o primeiro trimestre da Multiplan serão divulgados no dia 28 de abril.