BC: medidas focadas a combustíveis refletem risco fiscal

"Medidas de combate à alta do preço de combustíveis representam risco fiscal".

O Banco Central (BC) afirmou nesta quinta-feira (24) em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que “dois riscos fiscais se destacam” para 2022, entre os quais estão novas medidas de combate à alta do preço dos combustíveis.

“No curto prazo, medidas fiscais adicionais para a contenção do repasse dos preços internacionais de combustíveis para os preços domésticos podem ter efeito relevante no resultado primário do ano”, disse. “No mesmo sentido, deve crescer ao longo do ano a relevância do debate eleitoral para a percepção de riscos fiscais em prazo mais longo, particularmente quanto à manutenção do atual arcabouço fiscal.”

Neste cenário, o Banco Central ponderou que embora exista o desempenho mais positivo das contas públicas no curto prazo, “permanece a incerteza em relação ao futuro do arcabouço fiscal”.

A autarquia monetária destaca ainda o desânimo do esforço em favor de reformas estruturais, que pode, segundo RTI, resultar em elevação dos prêmios de risco, maior risco de desancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, juros estruturais mais elevados.

Somado a isto, o BC espera que o preço da gasolina seja ainda mais sensível aos preços do petróleo em 2022 do que foi no ano anterior, quando os combustíveis contribuíram com um terço da alta de 10,06% do IPCA. Cálculos apresentados pela autoridade monetária em um box do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março indicam que o grau de repasse do preço do petróleo em reais para preços ao consumidor na bomba neste ano pode ficar entre 47% e 66%, ante 40% e 54% em 2021.