O volume de vendas do comércio varejista no Brasil teve alta de 0,8% em janeiro, frente a dezembro, informou nesta quinta-feira (10) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O desempenho ficou acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam elevação de 0,3%.
Mesmo com o avanço, cinco das oito atividades tiveram resultado negativo em janeiro, disse o IBGE. Nos últimos 12 meses, o varejo acumula alta de 1,3%. O setor ainda se encontra abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Após a fase inicial da pandemia, o varejo passou a apostar na derrubada de restrições a atividades e na reabertura de lojas para se recuperar.
A retomada, contudo, vem sendo ameaçada pelo cenário de escalada da inflação, juros mais altos e renda fragilizada pela crise, dizem analistas. Os fatores, em conjunto, reduzem o poder de compra da população.
Ao longo da pandemia, os brasileiros passaram a conviver com inflação de dois dígitos no acumulado de 12 meses. Até janeiro, a alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 10,38%. A inflação de fevereiro será divulgada nesta sexta-feira (11) pelo IBGE.
Conforme analistas, o combate à elevação dos preços tende a ficar mais complicado nos próximos meses em razão dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Com a tensão provocada pelo conflito, as cotações de commodities agrícolas e do petróleo tiveram fortes altas no mercado internacional.
O temor é que esses avanços se espalhem ao longo das cadeias produtivas, atingindo, inclusive, parte do comércio.
Para tentar frear a inflação, o BC (Banco Central) vem subindo a taxa básica de juros. Em fevereiro, a Selic chegou a 10,75% ao ano.
O mercado financeiro espera uma taxa maior até o final de 2022. A mediana da edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira (7) pelo BC, indica Selic de 12,25%. Contudo, já há instituições financeiras projetando juros acima de 13% até dezembro.
O efeito colateral da Selic mais alta é o aumento do chamado custo do crédito no país. Empréstimos mais caros jogam contra o consumo, especialmente de bens com maior valor.
O consumo é considerado motor do PIB (Produto Interno Bruto). Diante das dificuldades no cenário macroeconômico, analistas projetam PIB estagnado em 2022 -ou seja, com variação próxima de 0%.