Sanções atingem um terço dos bancos russos e Putin será ‘pária internacional’, diz Biden

Segundo ele, Putin não vai parar a guerra na Ucrânia e foi explícito ao afirmar que o autocrata pretende reestabelecer o território da extinta União Soviética

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou “a maior sanção econômica da história” à Rússia na primeira coletiva de imprensa em meio à crise, realizada na tarde desta quinta-feira (24). Segundo ele, o presidente russo, Vladimir Putin, não vai parar a guerra na Ucrânia e foi explícito ao afirmar que o autocrata pretende restabelecer todo o território da extinta União Soviética.

O democrata disse que Putin atacou os “princípios da paz mundial” ao invadir o leste europeu e agora enfrentará um duro golpe em sua economia. 

O pronunciamento na Casa Branca ocorreu após reunião virtual a portas fechadas com o G7 (composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), quando foram decididas as novas restrições que prometem surtir efeito imediato na economia russa. 

“Temos um trilhão de bens congelados, um terço dos bancos russos serão cortados do sistema financeiro” afirmou o norte-americano, descartando por ora sancionar o presidente russo diretamente. “Sempre expusemos os planos e falsos pretextos da Rússia. Putin é o agressor, Putin escolheu essa guerra e agora ele e seu país sofrerão as consequências. Ele se tornará um pária internacional”.

Agora, Biden garante aumentar a lista de oligarcas russos sancionados, ampliando sanções a empresas, paralisando exportações de equipamentos de alta tecnologia e, assim, “reduzindo o acesso da capacidade industrial e tecnológica russas por anos”.

“Vamos reduzir pela metade as importações. Será um duro golpe no desenvolvimento militar e espacial da Rússia”, pontuou.

Além disso, o governo também quer limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes. Entretanto, o político informou que as sanções ainda não incluem banir o país do sistema bancário SWIFT.

O chefe de estado da maior economia do mundo entende ainda que a ambição final da Rússia é violar a autonomia não só da Ucrânia, mas de uma série de países que conquistaram a independência e estão fora do território russo. 

“Putin será um pária no cenário internacional”, acrescentou. “A escolha de Putin de fazer uma guerra totalmente injustificável contra a Ucrânia deixará a Rússia mais fraca e o resto do mundo mais forte”.

Apenas nesta manhã e tarde, a polícia da Ucrânia afirmou ter contabilizado cerca de 203 ataques contra o país. Segundo os policiais, os conflitos estão ocorrendo em praticamente todos os estados. Mesmo assim, Biden afirmou que as tropas americanas não estão no país e não serão enviadas ao local, mas para os países da Otan no leste europeu para defender a aliança.

Uma das principais preocupações dos investidores é a alta do preço do barril de petróleo, que ultrapassou a marca dos US$ 105 pela primeira vez desde 2014 nesta sessão.

A respeito da commodity, o presidente afirmou que coordena com vários países produtores de petróleo para o fornecimento global de energia.

“Estamos trabalhando ativamente com países de todo o mundo para elevar a liberação coletiva das reservas estratégicas de petróleo para os principais países consumidores de energia”, relatou. “E os Estados Unidos irão liberar barris adicionais de petróleo conforme as condições o justifiquem.”

“Farei tudo o que estiver ao meu alcance para limitar a dor que o povo americano está sentindo na bomba de gasolina. Essa agressão não pode ficar sem resposta”, concluiu o democrata após pedir compreensão às empresas de petróleo e gás dos EUA: “não explorem este momento”.

Ao ser questionado sobre sua expectativa com a China no conflito e a possibilidade de sanções ao gigante asiático, Biden disse que não “estava preparado” para comentar do assunto.

O mercado espera o posicionamento chinês depois do país oriental não ter condenado o ataque russo e acusado os EUA de “incendiarem” as tensões.