BC: ‘inflação foi puxada pela alta de combustíveis e energia’

“A inflação do Brasil, de fato, foi uma das mais elevadas do mundo, com 10,4%", diz Campos Neto.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na tarde desta segunda-feira (21) que a inflação teve grande impacto fortemente relacionada pela alta dos combustíveis e energia. Ele pondera que houveram “choques energéticos vindo de vários lados”, destacando fenômenos como a alta do petróleo e crise hídrica nacional.

“A inflação do Brasil, de fato, foi uma das mais elevadas do mundo, com 10,4%, mas ao analisar o impacto da inflação proveniente de energia, nota-se que o Brasil teve a maior inflação de energia do mundo. Desta forma, notamos que se a inflação de energia fosse a média do mundo, a inflação do nosso país teria acompanhado o patamar dos outros países”, avalia o presidente do BC.

 

Imagem Reprodução do Banco Central

Em janeiro deste ano, o preço do barril de petróleo Brent foi negociado acima de US$ 90, o maior dos últimos sete anos. Os preços do barril de petróleo no mercado internacional têm se recuperado nos últimos meses, influenciados principalmente devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda; o crescimento do consumo esperado no pós-pandemia é maior que o aumento da produção. E recentemente, os preços têm sido pressionados ainda mais pelas tensões geopolíticas entre a Ucrânia e a Rússia, sendo esta última o terceiro maior produtor da commodity globalmente.

Para além disso, como salientado pelo chefe da autarquia monetária nacional, houve também a consequência da crise hídrica que assola o território brasileiro desde o ano passado, quando o país entoru na maior crise hídrica dos últimos 91 anos. A escassez de chuvas trouxe o aumento de custos para setores como a agricultura, a indústria e o setor de serviços. Dessa forma, os investimentos culminaram por diminuir. 

Para enfrentar a escassez hídrica, desde outubro de 2020 o governo contrata energia gerada por usinas termelétricas, as mais caras e poluentes, para poupar água dos reservatórios das hidrelétricas. Como consequência, a tarifa para os consumidores aumentou.

Em janeiro deste ano, o maior consumo de energia elétrica foi atingido pelo Paraná, com a maior alta do país, de 12%. Em seguida,  as maiores taxas de aumento são dos estados de Mato Grosso (10%), Rio Grande do Sul (8%), Mato Grosso do Sul (8%) e Rondônia (8%).

Outro fator levantado por Campos Neto, que em sua análise deve ser considerado, é a alta da inflação norte-americana, cujos preços de produtos e serviços estadunidenses apresentaram uma elevação recorde em quase 40 anos, no mês de janeiro.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 7,5% nos 12 meses encerrados no primeiro mês de 2022, não ajustado para variações sazonais, informou o Centro de Estatísticas Laborais no dia 10. Foi o maior aumento anual de preços desde fevereiro de 1982. Na comparação de janeiro com dezembro de 2021, o CPI teve alta de 0,6%, a mesma taxa de dezembro, levemente acima das expectativas do mercado, de 0,5%.