Os desafios tributários existentes em território nacional já não são novidade. Infelizmente, essa questão, que impacta diretamente nos negócios brasileiros e na competitividade local, é um problema que nos custa tempo e dinheiro. De acordo com relatório Doing Business, no país, cada contribuinte leva 1.501 horas por ano para apurar impostos. Além disso, segundo o levantamento, o Brasil ocupa a 124ª posição, entre 190 países, na oferta de um ambiente de negócios favorável.
Outro dado alarmante é o fato de o cidadão trabalhar cerca de cinco meses somente para o pagamento de impostos. No levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) de 2021, foram 149 dias – levando em consideração a média de impostos federais, estaduais e municipais que incidem sobre renda, patrimônio e consumo. Uma realidade que impacta diretamente na vida das pessoas e de pequenas e grandes empresas também.
A burocracia, de forma geral, eleva os custos quando se trata de exportação de serviços ou produtos. Como se não bastasse, a insegurança jurídica e os altos riscos surgem como a “cereja do bolo” para imobilizar as companhias nacionais. A junção desses fatores cria uma série de barreiras e retarda o nosso processo de integração no mercado global. No fim do dia, ficamos sem mão de obra qualificada, sem inovação e com o PIB recheado de impostos. Segundo o órgão do Ministério da Economia, o impacto dos impostos em relação ao PIB no Brasil é de 31,64%.
Os pontos citados acabam formando uma bola de neve e travando elementos fundamentais para a sobrevivência. Com a nossa moeda desvalorizada no mercado, tudo fica ainda mais complexo. Mas aí vem a pergunta de R$ 1 milhão: Cristiano, qual é a solução para este problema? Infelizmente, a curto prazo, não há uma resposta simples ou uma saída para, como um clique, resolver uma série de questões implementadas há anos no país. Todavia, podemos – e devemos – debater o assunto, trocar experiências e, na marra, impulsionar nosso país.
Com a globalização, uma série de empresas ligadas à tecnologia vêm trabalhando em soluções que, de fato, resolvem problemas e simplificam processos. Eu diria que esse é o futuro. Até porque, atualmente, não existem mais companhias que não tenham a sede de expandir seus negócios. É frustrante pensar que, quando este momento tão esperado chega, os gestores batem de frente com diversos custos, invoices, lentidão nos procedimentos e a complexidade cambial.
Na Deel, que viabiliza a prestação de serviços e pagamentos de pessoas físicas e jurídicas em qualquer parte do mundo, desde o ano passado permitimos que as empresas brasileiras paguem faturas internacionais, em reais, ou seja, garantindo uma economia de até 60% para a população beneficiada pela plataforma. Ainda há muito a fazer, sempre há, mas essa já é uma solução real e que pode ajudar muitos negócios em expansão no país.
De acordo com dados do Banco Mundial, as empresas de países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) recolhem de impostos 38% a menos sobre seus lucros do que as empresas brasileiras. Por aqui, cerca de dois terços (65%) dos resultados das companhias vão para os cofres públicos.
Os números escancaram uma problemática que já é de conhecimento geral. Por isso, sugiro que usemos tudo isso como combustível para buscarmos mais e aquecermos a inovação no Brasil. O único meio para atenuar os impactos é inovar. Afinal, temos a certeza de que o que temos em mãos, definitivamente, não funciona mais.